CULTURA
Coletânea une cartas de Fernando Sabino e Otto Lara
Coletânia de cartas trocadas entre os escritores Fernando Sabino e Otto Lara Resende compõem obra que chega às livrarias nesta quarta.
Publicado em 30/11/2011 às 6:30
Diferente de seu amigo Fernando Sabino (na infância, um sempre alerta escoteiro; na adolescência, um exímio nadador), Otto Lara Resende era, como descreveu um de seus colegas jornalistas, Marcelo Coelho, um sujeito "baixinho, agitado e veloz".
A relação dos dois, Sabino e Resende, amigos de bodoque (como os mineiros chamam o estilingue), completava a metade da laranja que chupavam com Hélio Pellegrino e Paulo Mendes Campos.
É desta metade que O Rio É Tão Longe (Cia. das Letras, 424 páginas, R$ 49,90) tira o sumo para uma coletânea de cartas trocadas entre Sabino e Resende, introduzida e anotada por Humberto Werneck (também mineiro, de uma geração posterior à do grupo que hoje batiza viadutos e ruas de Belo Horizonte).
O livro chega hoje às lojas e será seguido amanhã por Bom Dia Para Nascer (Cia. das Letras, 456 páginas, R$ 49), também organizado por Werneck, que colige as crônicas de um período vigoroso da prosa de Otto Lara Resende: o de seus dois últimos anos de vida (1991 e 1992), quando assinava crônicas publicadas nas páginas da Folha de São Paulo.
Os 266 textos apresentados incluem os 72 já publicados em uma edição anterior compilada por Matinas Suzuki Jr. em 1993, na esteira da morte de Resende que acabava de completar um ano.
O Rio É Tão Longe revela mais uma vez a faceta epistolar de Fernando Sabino, já conhecida em um volume de correspondências trocadas entre ele e Clarice Lispector (Cartas Perto do Coração, que já está em sua oitava edição, pela Record).
Como Otto Lara Resende, Sabino era um cronista habilidoso.
Obteve mais êxito no romance, sobretudo quando citados seus célebres Encontro Marcado (1956), que teria Otto como personagem, e O Grande Mentecapto (1979).
Resende teve dificuldades em conduzir com boa mão sua carreira de romancista, emplacando apenas uma ficção: O Braço Direito (1964). É nas crônicas e nas cartas que o autor dá vazão a seu talento, que finalmente sai do silêncio mineiro e ganhar as páginas. (Com informações da Folhapress)
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