CULTURA
Com o calor de Donato ao vivo
Um dos pontos altos das comemorações pelos 80 anos de João Donato é o lançamento do CD duplo Live Jazz in Rio.
Publicado em 17/08/2014 às 6:00
Um dos pontos altos das comemorações pelos 80 anos de João Donato é o lançamento do CD duplo Live Jazz in Rio, que o Discobertas distribui de maneira inovadora: o Volume 1, apelidado O Couro Tá Comendo!, já pode ser encontrado nas lojas. Já o Volume 2, ou O Bicho Tá Pegando!, só poderá ser adquirido nos shows de João Donato e, portanto, será mais difícil de encontrar.
Ambos têm a mesma matriz: um show realizado no dia 4 de dezembro do ano passado na extinta casa de shows carioca Studio RJ em que Donato e seus velhos companheiros Robertinho Silva, Luiz Alves e Ricardo Pontes dão um show de samba-jazz em meio a 25 números.
Esse repertório foi distribuído distintamente entre os dois CDs. O Couro Tá Comendo! tem 13 faixas e é bastante representativo da carreira do pianista. Estão lá ‘Bananeira’ e‘Emoriô’ (ambas parcerias com Gilberto Gil), ‘O sapo (The frog)’, composição de João que, mais tarde, ganharia letra de Caetano, ‘Quando a lembrança vem’, parceria com Tom Jobim, e as irresistíveis ‘Nasci para bailar’ (Donato/Paulo André Barata), ‘Suco de maracujá’ (Donato/Martinho da Vila) e ‘O bicho ta pegando’ (Donato), além de dois temas americanos: ‘Song for myfather’ (Horace Silver, morto em junho) e ‘Paradise found’ (Shorty Rodgers).
Já O Bicho Tá Pegando!, que abre com ‘Minha saudade’, de Donato e João Gilberto, é predominantemente instrumental (ao contrário do outro) e comporta algumas composições inéditas, como as recentes ‘Bolero digital (Tontos de amor)’, parceria com Nelson Motta, ‘Por aí’, com Moacyr Luz e ‘Menina do cabelão’, de João e Gabriel Moura, sobrinho de seu velho amigo Paulo Moura (1932-2010), que também é creditado em outra faixa inédita, ‘No Barão da Mesquita’.
“É uma lembrança de quando éramos vizinhos lá na Tijuca”, explica Donato sobre a música feita nos anos 50, mas nunca registrada em disco. Quase entrava no Dois Panos Pra Manga (2006), disco que reúne os dois. “Foi por essa época que ele relembrou daquela música que a gente tocava na Barão de Mesquita, no tempo que eu estudava música com o pai dele".
João Donato comenta que em sua discografia não há discos ao vivo (com exceção de Leilíadas, álbum de 1986 reeditado em 2012 pelo mesmo Discobertas), sobretudo que traduzissem um show no campo onde ele joga mais à vontade: o samba-jazz.
“Eu gravo bastante, mas sempre no estúdio. O pessoal que ia assistir aos shows ficava querendo ouvir um disco parecido com o que eles tinham visto, porque meus discos de estúdio têm orquestra, não tem essa sonoridade (mais enxuta e jazzística com pegada latina). Então nós pensamos em gravar um show para que as pessoas tivessem a impressão que estavam em um show, só que em casa”, comenta.
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