CULTURA
Como diferentes religiões celebram o Natal
Enquanto católicos, evangélicos e espíritas celebram o nascimento de Jesus, candomblecistas, judeus e mulçumanos têm seus próprios ritos.
Publicado em 10/12/2024 às 8:02 | Atualizado em 10/12/2024 às 10:45
O Natal é comemorado no dia 25 de dezembro. As pessoas cristãs celebram o nascimento de Jesus Cristo, através de missas, cultos, palestras e cerimônias familiares. Inseridas em uma cultura hegemonicamente cristã, outras religiões possuem seus próprios mitos e ritos nesta época do ano.
O JORNAL DA PARAÍBA conversou com lideranças religiosas para explicar como diversas religiões celebram o natal.
Natal para os católicos
No catoliscismo, o natal é tradicionalmente celebrado com a santa missa. Os católicos também têm tradição de se reunirem na véspera de natal para jantarem em família. O tempo do natal, para a igreja católica, vai até 6 de janeiro, com a festa de Santos Reis, considerado o dia em que os três reis magos visitam Jesus. Padre Marcelo, da Igreja Mãe dos Homens, explica:
“O Natal tem uma preparação muito bonita. Começa com o primeiro domingo do advento, que é um tempo litúrgico dentro do tempo do Natal, que chamamos advento, que é a vinda do menino Jesus, a expectativa. Aí entra toda a dinâmica com Nossa Senhora, São José, o profeta Isaías, que é o profeta da esperança. E comina com o dia 24 e 25, neste caso, a véspera e o dia de Natal.
No dia 24, as missas se iniciam na vigília, ou seja, na tarde ou na noite, que antecede o dia 25, com celebrações que remetem a luz, a simbologia do tempo. Porque a estrela simboliza o encontro daqueles, os reis magos, que chegam para adorar o menino Deus com seus presentes, incenso, ouro e mirra. Simbolizando aí a humanidade, a divindade de Cristo, o Salvador. Então, a grande temática do Natal é, na realidade, a festa da encarnação. O verbo se faz carne e habita entre nós, e nós contemplamos a sua glória, contemplamos o seu nascimento".
Natal para os evangélicos
Os evangélicos também são cristão e creem no nascimento de Jesus Cristo. Eles celebram o natal com cultos em igrejas e orações em casas. Quem explica é o pastor Estevam Fernandes:
“Como os evangélicos pensam o natal? Quatro acepções. A primeira é que o natal é festa cristã, uma data máxima que marca o nascimento de Jesus. Em segundo, é um momento de reflexão, de pensar sobre a interioridade do homem, pensar valores, perdão, compaixão, paz e solidariedade. Quando isso acontece, o Natal reacontecte. Em terceiro, repudiamos que o natal tenha se transformado uma festa de consumo, em que papai noel se tornou o centro, Jesus se tornou periférico e, às vezes, nem aparece mais. Em quarto, que possamos resgatar o sentido, a essência e a mensagem.
E finalmente: a minha mensagem é que sejamos nós uma linda árvore de natal adornadas com bolas da tolerância, do amor, da compreensão, do perdão, da superação de barreiras, sejam elas políticas, religiosas ou até ideológicas. Que a gente celebre o senhor da vida, Jesus Cristo”.
Natal para os candomblecistas
Dentro do candomblé, não existe a lógica do Natal e da celebração do nascimento de Jesus. Na religião, são cultuadas as forças da natureza, que são representadas pelos orixás. Ainda assim, em meio à cultura cristã, os adeptos da religião afro-brasileira aproveitam a época do ano para cultivar em seus templos e casas a reflexão de novos começos. Quem explica isso é o babalorixá e pai de santo, Caetano de Oyá:
“As comemorações natalinas são extremamente cristãs. Dentro da nossa religiosidade, o candomblé não participa do natal. Não está inserido aos nossos rituais, ao nosso calendário religioso. Não colabora tanto aos nossos mitos. Nossa religião é muito fundamentada em mitos e ritos. Porém, nós que somos de candomblé, religião afro-brasileira, comungamos desse momento pela simbologia. Acredito não só por Jesus Cristo, que é de grande importância para o cristianismo, mas por tudo que colabora. É um novo momento, momento de reflexão, de repensar as nossas escolhas e atitudes. Isso faz com que nós façamos essa reflexão dentro dos nossos templos e nossas casas. Porém, nós temos nosso própria fé, nossos próprios deuses, nossa própria religião. Nossa cultura iorubá é totalmente divergente do cristianismo”, disse.
Natal para os espíritas
O espiritismo comemora o nascimento de Jesus Cristo com atividades como palestras alusivas à data. Nesta época, são usados trechos bíblicos dos evangelistas Marcos, Lucas, Mateus e João. Quem explica é José Raimundo, presidente da Federação Espírita na Paraíba:
“O Natal é para o cristianismo a data mais importante. Nós vemos no Natal o Renascimento, uma esperança da Boa Nova. Ou seja , foi o que Jesus trouxe para a Terra. O Natal, portanto, é o momento da verdade, onde Jesus espera que nós cumpramos a Lei de Deus, que é de amor e caridade. Para nós, é preciso muita reflexão. Amar o próximo. Cumprir com o dever. Ser melhor pai. Ser melhor filho. Ser melhor patrão. Ser melhor empregado. Ser generoso com todos. Levar sempre uma palavra de consolo para quem chora.”
Natal para os judeus
Quando os cristãos celebram o Natal no dia 25 de dezembro, judeus de todo o mundo já comemoraram o Hanukkah, tradição conhecida como a 'Festa das Luzes'. Enquanto o Natal celebra o nascimento de Jesus Cristo, o Hanukkah comemora a reconsagração do Templo de Jerusalém . Quem explica é o judeu Yitzhak, de Campina Grande:
“A festa de Chanuká ocorreu no dia 25 de Kislêv de 3622, ano da Criação do Mundo no Calendário Judaico. Também conhecido como Festival das Luzes, o Chanuká tem início após o pôr-do-sol do 24º para o 25º dia do mês de Kislêv, o nono mês do calendário hebraico, coincidindo com os meses de novembro ou dezembro do calendário gregoriano. O Chanuká já começou a partir do pôr do sol de ontem dia 18 de dezembro de 2022 que terminará no dia 26 de dezembro de 2022”.
Natal para os mulçumanos
A celebração da data não faz parte das celebrações islâmicas. Para os muçulmanos, Jesus é um profeta, como foi Maomé. A mulçumana paraibana Soraya Vilar explica:
“Para nós Jesus nasceu em meados de agosto, mais ou menos. No Islam só tem duas datas festivas: Eid al fitr (quando termina o Ramadan) e Eid al adha (quando termina a peregrinação)”, explica Soraya Vilar.
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