Como se conta um baião

O juiz Onaldo Queiroga tinha apenas 12 anos quando, em um comício na cidade de Pombal (Sertão), viu passar em sua frente um homem de gibão e chapéu de couro, carregando uma sanfona branca. "Era uma figura iluminada. Aquilo ficou gravado em mim e eu nunca mais fui o mesmo", conta o escritor que lança hoje, em João Pessoa, o livro Baião em Crônicas (Prazer de Ler, 250 páginas, R$ 30,00).

Dedicada ao centenário de Luiz Gonzaga (1912-1989), a coletânea será apresentada nesta quinta-feira, a partir das 19h, na Usina Cultural Energisa (no bairro da Torre). A noite terá shows de Josias Braga e Oliveira de Panelas, poeta que também assina o prefácio da obra, cuja capa é ilustrada pelo artista plástico Cóvis Júnior.

Segundo Onaldo Queiroga, o lançamento terá a presença de Sérgio Gonzaga, sobrinho do 'Rei do Baião', um dos descendentes que o autor conheceu nos 20 anos em que passou pesquisando a vida e a obra do 'Velho Lua'.

"Em 1992, estive em Exu (PE) com familiares e artistas que conviveram com Luiz Gonzaga", lembra Queiroga, que a esta época já tinha se reencontrado com a "figura iluminada" de sua infância em um show que Gonzagão fez em João Pessoa, em 1985, na Praça da Independência. "Aquele homem na multidão era um verdadeiro mito".

Desvendando o mito em textos publicados em jornais e blogs, além de 20 crônicas inéditas, Onaldo Queiroga faz uma cronologia da biografia de Luiz Gonzaga, ressaltando fatos como a sua saída de Exu, a passagem pelo Exército, o início da carreira, sua ascensão e declínio.

Baião em Crônicas é o 4º livro de Onaldo Queiroga, que, até o fim do ano, prevê lançar mais outros dois: Reflexões e Efeitos Homíneos e Naturais. Há ainda no gatilho, segundo o juiz, um projeto de um livro e um documentário, dirigido por ele e Zé Vieira Neto, sobre o músico Pinto do Acordeon.