CULTURA
Contaminado de realidade, "Linha de Passe" estréia em JP
Filme de Walter Salles chega nesta sexta-feira (10) às salas de cinema de João Pessoa, trazendo em seu elenco a vencedora do Festival de Cannes, Sandra Corveloni.
Publicado em 10/10/2008 às 6:41
Renato Félix, do Jornal da Paraíba
Finalmente. "Linha de Passe" (Brasil, 2008, estréia nesta sexta em JP) já estreou no Brasil há um mês e uma semana e está em cartaz até em Londres, mas só agora poderá ser visto nos cinemas por aqui. A expectativa tem razão de ser, já que é o novo filme de Walter Salles e Daniella Thomas (sozinho, ele dirigiu "Central do Brasil", em 1998, e "Diários de Motocicleta", em 2004; juntos, fizeram "Terra Estrangeira", em 1995), e com o qual Sandra Corveloni ganhou, em maio, o prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes - uma das maiores conquistas internacionais do cinema brasileiro.
O filme está em cartaz na sala 8 do Box Cinemas, em João Pessoa, com sessões às 13h, 17h15 e 21h30.
O repórter do JORNAL DA PARAÍBA viu o filme na pré-estréia que aconteceu no começo de agosto, em Recife. Sandra interpreta Cleuza, a mãe de quatro irmãos que tentam encontrar seu caminho na periferia de São Paulo: um é aspirante a jogador de futebol que joga contra o tempo para ser selecionado numa peneira, outro é um motoboy que tem um filho com a namorada, outro procura a redenção numa igreja evangélica, e o quarto é uma criança que quer conhecer o pai. “O que eles têm em comum é a esperança”, disse a atriz, na coletiva que se seguiu à exibição.
Toda a preparação de atores buscou o máximo de realismo na relação entre os personagens e deles com o mundo. Os cinco protagonistas chegaram mesmo a morar por duas semanas na casa que é cenário do filme. “Tudo foi feito para que a gente ficasse muito próximo da realidade”, contou Sandra. “Um dia aconteceu uma coisa muito louca. A gente fez uma cena num ônibus e sentou uma senhora ao meu lado que fazia figuração. Perguntei: “Qual é o seu nome?”. E ela: “Cleuza”. Me deu um gelo. “Que bom que tô fazendo esse biquinho”. Ela tem cinco filhos. Tantas coincidências, foi incrível”.
A injeção de realidade levou os atores a acompanharem profissionais que interpretam no filme e até trabalharem. Mas vai além disso: muitas cenas são mesmo documentais no filme. As cenas de Sandra no meio da torcida do Corinthians, as da peneira e entre os motoboys são recheadas de não-atores. É Linha de Passe dialogando com o documentário.
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