CULTURA
Corpo e alma do estilo Naif
Artista plástico paraibano Alexandre Filho comemora nesta terça-feira (10) 48 anos de carreira com exposição na Usina Cultural Energisa.
Publicado em 10/07/2012 às 6:00
“Não sei precisar quem é ‘o maior de todos’ e até acho que isso nem tem importância..., mas posso garantir que se Alexandre Filho não fosse ‘de outro mundo’, seria ele certamente”, chegou a responder o curador Dyógenes Chaves, relembrando alguns anos atrás.
O artista plástico natural de Bananeiras, Brejo paraibano, comemora seus 48 anos de pinceladas profissionais amanhã, na Usina Cultural Energisa, em João Pessoa, com a abertura da exposição Espírito Naif, individual reunindo 10 telas inéditas.
“As pinturas figurativas não têm especificação do tema. Não existe inspiração. Acontece naturalmente", acredita.
Com simplicidade, Alexandre Filho afirma que não sabia o que era arte, apesar de se interessar pelo ofício desde criança. Quando foi trabalhar e estudar no Rio de Janeiro na flor da idade, passou também a aflorar seu lado artístico profissional quando se mudou para o bairro Santa Tereza, um recanto de intelectuais e pintores.
“Na minha época, eu fui o único com esse tipo de pintura”, afirma o artista plástico. “Ninguém me influenciou. É algo bem pessoal, como se fosse meu, sem os elementos de outras pessoas.”
No início de carreira, o paraibano relembra que o Salão de Arte Moderna do Rio de Janeiro, evento tradicionalmente conceitual onde trabalhos de arte naif não eram pendurados nas suas paredes, aceitaram três obras suas, um feito pioneiro no ano de 1967.
LENNON E YOKO
Para o curador da exposição Dyógenes Chaves, os elementos das obras do artista parecem parte de um sonho. “Ele é um naif primitivo autêntico. Uma pessoa simples e, ao mesmo tempo, sofisticada.”
O 'espírito' naif do artista autodidata foi exposto pelos quatro cantos do mundo, como Portugal, Espanha, Alamanha, França, Nigéria, México e EUA.
Entre os compradores, o casal John Lennon (1940-1980) e Yoko Ono adquiriram uma obra do paraibano nos anos 1970, em uma mostra coletiva londrina. Além do ex-Beatle, artistas nacionais e estrangeiros como o bailarino soviético Rudolf Nureyev (1938-1993) e o carioca Tom Jobim (1927-1994) se interessaram pela sua arte.
“Ele criou uma linguagem própria, um alfabeto visual original composto de acordes cromáticos riquíssimos, estrutura simbólica universal e técnica inconfundível”, elogia o artista e escritor Raul Córdula. “Um patrimônio dos paraibanos."
Serviço
• ALEXANDRE FILHO - ESPÍRITO NAIF. Na Usina Cultural Energisa (Rua Juarez Távora, 243, Torre, João Pessoa - Tel.: (83) 3221.5346 / 3221.6343), nesta quarta-feira, às 20h. Visitação de terça-feira a domingo, das 14h às 20h. Até 12 de agosto. Gratuito.
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