'Deus' da guitarra, Eric Clapton faz 70 anos pensando em parar

"Há toneladas de coisas que eu gostaria de fazer, mas eu estou olhando para a aposentadoria também", afirmou recentemente Eric Clapton, em entrevista à revista britânica Uncut. "O que me permitirei fazer – dentro da razão – é continuar a gravar em estúdio. Não quero passar do ponto de ebulição para não passar vergonha", admitiu.

O lendário guitarrista britânico completa 70 anos de idade nesta segunda-feira e vai 'ferver' a comemoração com duas apresentações no Madison Square Garden de Nova York, EUA, nos dias 1º e 2 de maio, duas semanas antes dos seis shows no Royal Albert Hall de Londres, também para celebrar suas 70 primaveras.
A admiração do guitarrista Alex Madureira vai desde a presença do guitarrista na banda Cream, junto com o baterista Ginger Baker e o baixista Jack Bruce. "Musicalmente, ele é um catalizador do ritmo negro, apesar de ser um britânico. Ele é um bluesman diferenciado".

Como muitos outros músicos, Geovan Morais também é fã da guitarra de Clapton. "Ele é um dos poucos brancos respeitados entre os 'bluseiros' norte-americanos", frisa. "Ele é um guitarrista por excelência, mas nunca foi um grande intérprete. Isso ficou como coadjuvante", teoriza.

Criado por Clapton no final dos anos 1990, o Crossroads Guitar Festival, evento beneficente que acontece anualmente no Madison Square Garden, em Nova York, EUA, teve nas suas seletivas os paraibanos Zé Filho e Washington Espínola.

"Clapton foi uma das minhas primeiras influências, ouvindo o LP duplo History of Eric Clapton, que cobre sua carreira até o período com Derek and the Dominos", relembra Espínola. "Até hoje considero como uma obra de arte a sua interpretação de 'Hideway' (de Freddie King) com John Mayall. Som, feeling e escolha de notas... Incrível!".

Washington lista ainda como suas preferidas o solo ao vivo em 'Why does love got to be so sad', a versão ao vivo de 'Spoonful' (com o Cream), o solo em 'While my guitar gently weeps', e 'I ain't got you' com os Yardbirds.

Já para Zé Filho, que ficou entre os 14 finalistas do Crossroads em 2011, qualquer guitarrista é influenciado diretamente por Eric Clapton.

"Considero ele mais como um grande compositor do que um grande guitarrista. A sua obra, de maneira geral, é fantástica, mas ele não tem nenhum solo de guitarra antológico", opina o paraibano.

Quatro discos para entender Eric Clapton

John Mayall & the Bluesbreakers (1966)
John Mayell tinha entre seus Bluesbreakers um jovem guitarrista que ajudou a tornar este disco um dos melhores álbuns de blues do Reino Unido. Que o digam 'All your love' e 'Hideway'.

Disraeli Gears (1967)
A alquimia do rock psicodélico inglês com o blues americano fez do mitológico segundo álbum do Cream - formado por Clapton, Ginger Baker e Jack Bruce - as bases para o jazz fusion e o rock progressivo.

blind faith (1969)
O Blind Faith só precisou de um único disco para entrar para história. Clapton e Baker (ambos do Cream) se juntavam a Steve e Ric Grech para produzir canções como 'Can't find my way home' em disco que saiu com capa polêmica.

Eric clapton (1970)
Primeiro disco solo de Clapton reúne um time fantástico de músicos e um repertório irretocável que combina blues, rock e música pop. É desse disco pérolas como 'After midnight' (de JJ Cale) e 'Blues power' (de Clapton com Leon Russell).