CULTURA
Dez anos da morte de Patativa do Assaré
Uma década após sua morte, Patativa do Assaré é lembrado pelos versos que cantaram o Nordeste para além da região.
Publicado em 08/07/2012 às 14:00
No lamento pelos 10 anos sem Patativa do Assaré, o poeta Rui Vieira mata as saudades recorrendo à gravação de 'Triste lamento', na voz do centenário Luiz Gonzaga.
Os versos da canção entram pelo ouvido mas os que ecoam no coração são aqueles de 'Gravador': "Gravador que estás gravando/aqui no nosso ambiente,/tu gravas a minha voz,/o meu verso, o meu repente/mas, gravador, tu não gravas/a dor que o meu peito sente".
"Patativa é o ícone da poesia popular", resume Rui Vieira, autor de Dicionário Temático da Poesia Nordestina (Maxgraf, 416 páginas, R$ 40,00).
"Escreveu livros que foram tema de estudo na Sorbonne, foi gravado por Luiz Gonzaga, Fagner, ganhou título de cidadania em vários municípios do Brasil e hoje é lembrado em um memorial em Assaré", conta o poeta, que visitou recentemente a pequena cidade da Chapada do Araripe, que Antônio Gonçalves da Silva, o Patativa, escolheu para completar o seu nome.
No Dicionário Temático da Poesia Nordestina, o cearense aparece em dois verbetes: 'Gravador' e 'Mar' (com uma estrofe que registra o deslumbramento do homem rude que por muito tempo só conheceu o oceano através dos galopes à beira do qual se aventurava).
Em 2009, comemorou-se o seu centenário: foi o ano de lançamento do documentário Patativa do Assaré - Ave Poesia, dirigido pelo cineasta Rosemberg Cariry, conhecido de Patativa desde a infância, que conseguiu colecionar mais de 100 horas de registros em vídeo e áudio da história do poeta conhecido pelos óculos que escondiam a cegueira de um olho.
O Camões da poesia matuta também foi parar no teatro naquele ano: a Cia. do Tijolo, que esteve em João Pessoa no Palco Giratório do ano passado, adaptou sua vida e obra para os palcos com Concerto de Ispinho e Fulô, que conferiu o prêmio Shell ao grupo em cujo repertório também consta Cante Lá Que Eu Canto Cá, do livro de 1978.
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