CULTURA
Diário de um Louco inicia curta temporada em JP e segue em turnê
Espetáculo baseado em obra de Nicolai Gogol e adaptado na Paraíba pelo ator André Morais vai passar por 18 estados brasileiros dentro do projeto Palco Giratório.
Publicado em 16/04/2009 às 8:12
Astier Basílio, do Jornal da Paraíba
Escrito em 1835, o conto Diário de um Louco, do escritor e dramaturgo russo Nicolai Gogol, se constituiu numa alegoria à política estatal do imperador russo czar Nicolau I. A trama do funcionário que se apaixona pela filha do chefe de sua repartição e que vem a enlouquecer foi levada aos palcos pelo ator André Morais.
O espetáculo, que já tem cinco anos de estrada, será apresentado desta quinta-feira (16) até domingo (19), numa curta temporada, no teatro Santa Roza, em João Pessoa.
“Comecei apresentando o espetáculo numa mostra de monólogos. O (diretor) Jorge Bweres, que fazia parte do júri, começou a dar sugestões sobre a peça. Chegou a um ponto que ele acabou se incorporando, participando mais e assumindo a direção”, lembra André Morais. A dupla passou a compartilhar a direção e a retrabalhar a peça.
A parceria rendeu frutos. A montagem recebeu o prêmio de melhor espetáculo e melhor ator em 2006, no Festival de Teatro de Guaramiranga, façanha que desde o baiano João Miguel, com o seu monólogo O Bispo, não tinha se repetido. Diário de um Louco venceu última versão no formato competitivo de Guaramiranga que hoje adota-se um sistema de mostras.
Inicialmente, quando o espetáculo ficou sob a direção de Bweres, Diário de um Louco recebeu o selo do grupo Bigorna, um dos mais antigos em atividade na Paraíba, com 41 anos de fundação. Este ano, o espetáculo foi aprovado para o projeto Palco Giratório que possibilitará uma turnê nacional por 18 Estados. Por questões burocráticas e de comum acordo, Bweres e André Morais resolveram sair do Bigorna e fundarem a sua própria companhia.
“Não houve nenhuma cisão, a amizade continua a mesma. Mas, por exemplo, Fernando Teixeira está aí com ‘Esparrela’, um monólogo dele, a gente sabe que muito difícil o Palco Giratório, por exemplo, aprovar dois anos seguidos uma mesma companhia”, explicou Bweres.
Com o grupo Lavoura, Bweres e André Morais já estão em sala de ensaio preparando o próximo espetáculo que será também um monólogo. Perguntado se não seria limitador repetir o gênero, André disse que não.
“Em princípio nem pensávamos em fazer um monólogo. Trabalhamos com outras pessoas. O espetáculo iria ser em dupla. Mas, as pessoas não entenderam o nosso trabalho, tinham pressa em estrear e nós não trabalhamos assim, tem um ritmo e um processo. Testamos cinco atores e não deu certo e isso ocasionou uma grande perda de tempo porque sempre nós tínhamos que começar do zero a cada mudança”, revelou Morais.
Diário de um Louco é um texto que de tempos em tempos é montado no teatro brasileiro. Em 1964, o ator Rubens Corrêa, com direção de Ivan de Albuquerque e cenário do italiano Gianni Ratto, montou Diário de um louco, no Rio de Janeiro. Ele considerou, em entrevista dada 20 anos depois, que foi o seu melhor trabalho. Em 1980, na cidade de São Paulo, foi a vez do ator Elias Andreato dar vida ao louco. A última montagem de sucesso foi com Diogo Vilela, em 1997, no Rio de Janeiro, com direção de Marcus Alvisi.
Amanhã, o assinante do JORNAL DA PARAÍBA poderá participar de sorteio para concorrer a ingressos para a temporada de Diário de um Louco. Para participar, é necessário ligar para o Clube do Assinante (83) 2106-1863 ou enviar um email [email protected]
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