Dois homens, um segredo

Ambos nos cinemas da Capital, Os Descendentes (The Descendants, EUA, 2011) e Tudo Pelo Poder (The Ides of March, EUA, 2011) revelam, respectivamente, as facetas de um George Clooney ator e diretor que transita como poucos entre os bastidores dos sets de filmagem.

Tal trânsito fica mais evidente neste último, título no qual dirige e atua com a competência já demonstrada desde a sua primeira incursão como cineasta no ótimo Confissões de uma Mente Perigosa, de 2002.

No roteiro adaptado da produção em cartaz (que rendeu indicação ao Oscar), Clooney desvenda as tramoias políticas varridas para baixo do tapete nas eleições presidenciais norte-americanas.

Como de hábito, um elenco impagável orbita em torno da figura do ator/diretor.

Paul Giammatti, Phillipe Seymour Hoffman e Marisa Tomei fazem a triangulação de uma campanha acirrada, em que duas bases se digladiam tendo na outra ponta a imprensa, sempre à espreita de algum deslize de cada um dos lados.

Deste triângulo emerge a figura carismática de Stephen Meyers (Ryan Gosling, indicado ao Globo de Ouro por sua atuação neste longa-metragem), homem de confiança e braço direito do governador Mike Morris (Clooney), um legítimo representante da frente democrática americana.

No crescendo do filme, que vai lhe conduzindo para uma reviravolta que é o seu grande gancho, Meyers se torna o contraponto dramático de Morris, colocando Gosling e Clooney frente a frente, em situações nas quais a dupla demonstra o vigor de suas interpretações.

Personagens aparentemente incorruptíveis, ambos se veem numa teia em que a hipocrisia e o cinismo serão determinantes para o desfecho de um thriler que deixa a marca da experiência de Clooney e da ousadia de Gosling.