CULTURA
'Dois Irmãos', com Juliana Paes e Cauã Reymond, estreia nesta segunda
MIlton Hatoum é autor de obra homônima que deu origem à produção.
Publicado em 08/01/2017 às 16:25
Nesta segunda-feira (9), estreia na Rede Globo a minissérie "Dois Irmãos". Com 10 capítulos, a obra narra a história de Omar e Yaqub (Lorenzo e Enrico Rocha/ Matheus Abreu/ Cauã Reymond), gêmeos idênticos na aparência e separados pelo amor desmedido de uma mãe, que veem a ruína da família na Manaus do século XX.
Como no livro, o relato é de Nael (Theo Kalper/ Rian Cesar/ Irandhir Santos), o filho da empregada indígena da casa, Domingas (Sandra Paramirim/ Zahy/ Silvia Nobre). Testemunha e observador, agregado e membro renegado da família, ele tece uma colcha de retalhos toda costurada por memórias. Tenta compreender os acontecimentos que levam aquele clã singular à ruína no mesmo ritmo em que Manaus se deixa descaracterizar completamente, desde o declínio do comércio da borracha à criação da Zona Franca.
No pano de fundo do drama da família de Halim (Bruno Anacleto/ Antonio Calloni/ Antonio Fagundes), ‘Dois Irmãos’ repassa as transformações profundas sofridas por Manaus no período, entre as décadas de 1920 e 1980. As entrelinhas do romance são transformadas em imagens vívidas, que reforçam o realismo da obra. “O recorte é protagonizado por imigrantes libaneses, mas essa mesma história poderia estar sendo contada numa família de japoneses, espanóis, italianos ou portugeses, aqui e agora, em qualquer uma das culturas formadoras do nosso país. É a chegada de uma cultura de 8 mil anos, num país ainda criança como o nosso", observa Luiz Fernando Carvalho.
Engenheiro, calculista e espartano, Yaqub tem a firme decisão de viver em São Paulo. É filho que vai deixar Manaus em busca da personificação dos ideais desenvolvimentistas de ordem e progresso que tomam conta do país naquela época. Bon vivant que jamais consegue se firmar num trabalho, errante, passional e dionisíaco, Omar é o que ficará em Manaus e sofrerá as consequências da incapacidade de deixar de vez a casa, o útero de Zana. É o filho que não cresceu, o bebê que não cortou o cordão umbilical. Aquele que não se tornou homem e adulto.
Com certa dificuldade respiratória, Omar (Lorenzo Rocha/ Matheus Abreu/ Cauã Reymond) é o segundo a nascer e por isso apelidado de Caçula. Preocupada com a suposta fragilidade dele, Zana desenvolve um carinho desmedido, que a faz mimar um filho sem perceber que planta o rancor no coração do outro, Yaqub (Lorenzo Enrico/ Matheus Abreu/ Cauã Reymond). É apenas a primeira de uma série de escolhas que a mãe faz para diferenciar os filhos, embora goste de repetir, como numa espécie de autonegação, que eles são idênticos.
Ao mesmo tempo, Rânia (Raphaela Miguel/ Letícia Almeida/ Bruna Caram) cresce à sombra da mãe, que não admite outra figura feminina a brilhar dentro da casa. Na adolescência, após perder um pretendente por causa do rigor de Zana, ela se torna uma figura lunar e para quem somente a mistura das personalidades de Omar e Yaqub poderia resultar no homem ideal.
“Zana é uma mãe com todas as faculdades negativas e positivas que uma mãe pode ter. Mãe sente amor, ódio, ternura, carinho, afeto extremo e, ao mesmo tempo, repulsa. Todos esses sentimentos que muitas vezes as mães não admitem sentir, a Zana sente, sabe que sente e tenta lidar com esses sentimentos da maneira mais corajosa possível. Vejo a Zana como uma mulher de muita coragem, mas uma mãe que de fato sofreu por ter sentimentos tão diferentes por um filho e por outro”, observa Juliana Paes, que interpreta a personagem na sua fase adulta.
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