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CULTURA

Dona Elizabeth: Uma mulher marcada para viver

Hoje e amanhã, eventos em Sapé e Lagoa Seca, respectivamente, comemoram os 90 anos da líder sindical Elizabeth Teixeira.

Publicado em 13/02/2015 às 9:15 | Atualizado em 22/02/2024 às 15:57

“Assim como tivemos João Pedro Teixeira como o 'Cabra marcado para morrer', chamamos Elizabeth Teixeira de 'Mulher marcada para viver'. O sentimento que temos hoje é de profunda gratidão”, resume o professor Antonio Alberto Pereira, diretor de projetos do Memorial das Ligas Camponesas, sobre a protagonista do clássico documentário dirigido por Eduardo Coutinho (1933-2014), que completa nesta sexta-feira 90 anos de vida.

A data será comemorada no próprio memorial, localizado na Barra de Antas, em Sapé, na Zona da Mata paraibana, a partir das 14h, com entrada gratuita. O local era a casa do líder sindical João Pedro, marido de Elizabeth Teixeira assassinado em 1962, e foi tombado em 2012 pelo Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (Iphaep).

De acordo com Antonio Alberto, o evento terá a participação da Dona Elizabeth com os seus filhos, netos e bisnetos. Haverá participação do maestro Geraldo Menucci, que apresentará o 'Hino do camponês', obra musical criada em 1962 por ele com letra de Francisco Julião. Sob a batuta de Menucci, a Banda Santa Cecília de Sapé e o Coral Voz Ativa de João Pessoa.

Ainda segundo o diretor de projetos do memorial, os cantores Adeildo Vieira e Gláucia Lima também se apresentarão, assim como o Coco de Roda Novo Quilombo do Ipiranga Gurugi, do município do Conde.

“Será um grande evento com participação popular”, explica Antonio Alberto Pereira. “Teremos a presença do presidente do memorial, Luiz Damázio de Lima, de sindicatos, ONGs, movimentos sociais, universitários e escolas da região”.

O organizador das comemorações ainda frisou um desejo que Elizabeth Teixeira sempre carregou consigo. Indagada sobre o que ela queria para o seu aniversário, Dona Elizabeth não hesitou: “Eu quero a reforma agrária”, um desejo inabalável que está registrado no documentário Cabra Marcado para Morrer.

NO SÁBADO
Depois da abertura política do país, o documentário Cabra Marcado para Morrer foi finalizado e lançado no ano de 1984 (veja mais sobre o filme no box ao lado).

No começo de 2013, o diretor Eduardo Coutinho e sua equipe voltaram à Paraíba para rodar documentários complementares para uma edição restaurada do DVD da produção. Um desses registros, intitulado A Família de Elizabeth Teixeira, será apresentado gratuitamente amanhã, às 16h, no Centro de Formação do MST João Pedro Teixeira, em Lagoa Seca, no Agreste paraibano, como parte das comemorações dos 90 anos da paraibana.

“Estive várias vezes com Elizabeth, mas não tive contato com nenhum de seus filhos”, enuncia logo na primeira cartela do novo documentário. Nele, o cineasta paulistano revê depois de 30 anos os personagens: reencontra Marta e Marinês na favela de Ramos (no Rio de Janeiro), Isaac (que estava em Cuba na época do Cabra Marcado para Morrer), Carlos e Nevinha, todos esses últimos na Paraíba.

Após a exibição, Antonio Alberto Pereira também informa que será inaugurado no centro a Escola de Formação de Trabalhadores Elizabeth Teixeira.
Mais informações sobre os eventos podem ser encontradas no site www.ligascamponesas.org.br.

Imagem

Jornal da Paraíba

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