CULTURA
Dos 20 aos 50 anos: a experiência de ser pai em várias fases da vida
Osvaldo Travassos, de 53 anos, tem seis filhos e se prepara para ser avô. Ele conta a experiência de ser pai em diferentes etapas da vida, dos 20 aos 50 anos.
Publicado em 10/08/2008 às 7:01
Karoline Zilah
Ser pego de surpresa e tornar-se pai aos 20 anos pode ser um desafio. Planejar filhos no casamento e tê-los aos 30 anos parece ser uma escolha convencional. Deparar-se com a paternidade aos 50 anos e encarar a criação de um bebê parece ser fácil por conta da bagagem de experiência que se leva com a vida. Mas, e quando um homem olha para trás em sua história e se dá conta de que passou por todas essas fases?
Aos 53 anos de idade, Osvaldo Travassos Sarinho, radialista e funcionário da Universidade Federal da Paraíba, reúne seis filhos. Ele teve a oportunidade de experimentar a paternidade em diferentes idades e contextos, sustentando um intervalo de 30 anos entre a primeira filha e o caçula.
Porém, de antemão, Osvaldo já derruba a tese do “pai experiente”: para ele, isto só existe mesmo na teoria. A conclusão ele tira do fato de estar sempre se deparando com situações novas e dilemas de diferentes gerações, “mas as inseguranças são as mesmas”, completa. Mas alguns “dogmas” permanecem. Com todos os filhos, o pai optou por ser rígido, sem perder o lado carinhoso. Para o radialista, experiência só funciona, por exemplo, diante de pequenas doenças e cuidados com acidentes.
E a estrada é longa para Osvaldo Travassos. A sua história com a paternidade começou apenas três dias após o seu aniversário de 20 anos, em maio de 1975, quando ele ganhou um presente: foi pai pela primeira vez. A concepção da filha Cláudia foi uma surpresa em meio a um casamento conturbado. “Na verdade, eu não estava preparado para ser pai nesta idade. Antes de minha filha completar um ano, já estava separado, me atendo a visitas”. Além do desafio de educar uma criança pela primeira vez, Osvaldo teve que lidar com uma separação e com a busca pela estabilidade profissional, adiando a vivência e o cotidiano de ser pai e de acompanhar cada passo da vida que gerou.
Mas uma nova chance de reerguer-se e construir uma família surgiu. Desta vez, quando realmente sentiu-se preparado, o radialista teve como fruto do seu segundo casamento o casal Glauber e Andréia. “Mas contingências me levaram a mais uma separação. Sofri muito porque minha ex-esposa não me deixava ver os meus filhos. Hoje eles estão crescidos e sabem que o afastamento não foi escolha minha”.
E a história de Osvaldo se repetiu. Aos 36 anos, ele teve Nayara e, mais recentemente, nasceram Glória, de 7, e Gabriel, de 3 anos, ambos planejados, frutos de seu novo casamento. Ele diz ser teimoso e quis ter a chance de ser premiado com mais filhos, podendo criá-los ao seu lado, envoltos sob a proteção de uma família nuclear. “Meu relacionamento no casamento me dá perspectivas de criá-los sem os atropelos anteriores”, explica.
Pai-avô
Agora, cuidando atenciosamente do pequeno Gabriel, Osvaldo diz que o sentimento de ter um filho aos 50 anos é de renascimento, como pai e como humano. Quando anunciou à família a chegada do caçula, ele brincou com a primeira filha: “Já que você não me dá um neto, eu tenho mais um filho". A resposta de Cláudia demorou, mas chegou. Em novembro, apenas três anos depois de ter tido seu último filho, Osvaldo ganhará o seu primeiro neto. “Essa vai ser outra história!”, conta.
A desvantagem em criar o filho caçula aos 53 anos? Osvaldo revela que, com o passar dos anos, passou a tolerar certas “manhas” de seus filhos mais novos. Quando questionado se é melhor ser pai tendo estabilidade pessoal, profissional ou financeira, o radialista responde sem titubear: “A estabilidade emocional é tudo para se criar um filho. E estabilidade emocional só se consegue com estabilidade pessoal, profissional e financeira”.
Vencidas as seis etapas de sua vida, Osvaldo Travassos se prepara para a próxima: ser avô. Com um neto prestes a roubar a cena em novembro, ele confessa que está ansioso e que, desta vez, é diferente de ter um filho aos 50 anos. “Fico pensando: serei um avô babão? É o prazer de ver, na prática, a perspectiva de minha memória continuar depois de minha morte”, revela, tomando fôlego para o novo desafio que o aguarda.
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