CULTURA
Dramaturgo Jô Bilac no Sesc Centro
Jô lembra-se da ocasião que esteve no programa Jô Soares, e contou a história de quando viu uma peça do cronista da vida privada pela primeira vez.
Publicado em 23/10/2011 às 6:30
Com blusa regata e um sorriso de aparelho nos dentes, Jô Bilac pode facilmente ser confundido com um dos alunos de sua oficina improvisada no miniauditório do Sesc-Centro, em João Pessoa. “Ele é simples e carismático, e dá a receita do bolo sem respeitar as porções que ele mesmo recomenda”, resume Aparecida Melo, uma das oficineiras que ouviu Bilac falar sobre dramaturgia contemporânea na última terça-feira, em uma atividade proposta pelo projeto 'Palco Giratório' no dia da apresentação de Rebú, peça do Teatro Independente, grupo que ajudou a criar no Rio de Janeiro, em 2004.
“Ele é jovem mas bastante seguro de si. Tem experiência, conhecimento e sabe transmitir isso tudo com muita propriedade”, diz Aparecida, apontando para um cartaz preso na parede em que um diagrama desenhado mostra uma técnica que, segundo o dramaturgo, ele começou a exercitar fazendo histórias para revistas em quadrinho.
“Minha mãe (Elvira Helena, da editora Globo) era redatora de uma revistinha do 'Sítio do Pica-Pau Amarelo' e, quando eu tinha 17 anos, pude colaborar com a publicação e viver a primeira experiência de associar imagens a palavras”, lembra quem, fazendo jus ao nome de poeta, sempre quis ser escritor.
“Nunca imaginei que trabalharia com teatro. Achava que ia ser escritor, romancista”, confessa ele, que saiu do Ensino Médio tendo lido muita literatura e pouquíssimas peças teatrais.
Nelson Rodrigues, uma referência expressa de sua dramaturgia, só foi estudado mais recentemente, por exemplo. Jô lembra-se até da ocasião em que esteve no programa de seu homônimo, Jô Soares, e contou a história de quando viu uma peça do cronista da vida privada pela primeira vez.
Eufórico, o adolescente saiu do teatro procurando a produção do espetáculo para perguntar onde poderia encontrar o autor. O futuro dramaturgo não encontrou Nelson Rodrigues, mas em seu lugar teve a oportunidade de se deparar com outros muitos 'fantasmas' do ofício teatral, como Antunes Filho e Bárbara Heliodora, praticamente duas entidades do palco e da plateia, respectivamente.
Em muitas oportunidades, ambos teceram elogios a Jô ao assistir as encenações de seus textos. “Quando eu ouço os aplausos destas figuras eu sinto ao mesmo tempo uma honra e uma timidez tremenda, porque a verdade é que eu tive muita sorte de provar deste reconhecimento tão cedo e encontrar parceiros que quiseram levar meu trabalho adiante, aumentando a simpatia que esse pessoal tem por mim”, ressalta Jô.
Amigo e parceiro de duas atrizes paraibanas, Mayana Neiva (que participou da filmagem do seu curta-metragem O Silêncio que Precede o Beijo) e Mariah Teixeira (que está em cartaz em São Paulo com a montagem de sua peça Limpe Todo o Sangue antes que Manche o Carpete), Jô elogia ambas: “Sempre converso com as duas. Elas são atrizes talentosas e têm uma personalidade muito forte. Ao mesmo tempo, transmitem uma leveza, uma sensibilidade e uma inteligência que foram referenciais para mim da cena teatral da Paraíba antes de chegar no Estado”.
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