CULTURA
Duo Assad celebra 50 anos de carreira e ratifica importância na música
Violonista fala sobre a turnê da dupla, que passa por João Pessoa no domingo depois de mais de três décadas.
Publicado em 16/04/2015 às 6:00 | Atualizado em 15/02/2024 às 12:28
O prestigiado jornal norte-americano The Washington Post os definiu como “o melhor duo de violões que já existiu, talvez em toda a história…”. No próximo domingo, o Duo Assad volta a João Pessoa, depois de pelo menos 30 anos sem se apresentar na cidade.
A mais famosa dupla de violonistas do Brasil - e uma das mais importantes no mundo - incluiu a capital paraibana na turnê que celebra os 50 anos de música dos irmãos Sérgio e Odair Assad, que sobem ao palco da Sala de Concertos José Siqueira, no Espaço Cultural, às 19 horas, em apresentação promovida pela Paraíba Violões (PaVio).
Contemplada em edital de patrocínio da Petrobras, a turnê parte do projeto ‘O Clássico Popular Violão Brasileiro’, que rendeu um CD e uma série de shows que promove um passeio pelas mais famosas gravações em que o instrumento é o artista principal. Ao longo de 13 faixas, Duo Assad recria clássicos de grandes mestres do instrumento, como Canhoto, João Pernambuco, Garoto e Baden Powell, entre outros.
A dupla percebeu que, enquanto delineava o roteiro dessa viagem musical, o Duo Assad estava prestes a completar 50 anos de uma gloriosa trajetória, que inclui parcerias de alta nobreza com o pianista Yo Yo Ma e o saxofonista Paquito D’Rivera, um Grammy Latino e uma ovação sem tamanho por onde a dupla passa nos Estados Unidos, Europa e Ásia.
Assim, dividiu a turnê em duas partes: a primeira, revisitando os pontos altos da carreira, com obras de Albeniz, Piazzolla, Vila-Lobos e Egberto Gismonti, entre outros que fizeram a fama dos virtuoses instrumentistas. Na segunda, um apanhado do disco, incluindo composições de João Pernambuco, Garoto e Canhoto.
“É uma felicidade total poder fazer as duas coisas juntas”, comenta Sérgio em entrevista ao JORNAL DA PARAÍBA, durante a passagem do duo por Vitória (ES), a terceira cidade da turnê que teve início em São Paulo no último dia 8 e passa por Salvador (hoje) e Recife (amanhã) antes de chegar a João Pessoa no final de semana. Ao todo, 15 cidades brasileiras serão contempladas pelo Duo Assad, antes dos irmãos seguirem com a turnê para os Estados Unidos.
Clássico X Popular
Com um total de 13 faixas, o CD O Clássico Popular Violão Brasileiro se equilibra entre o erudito e o popular, divisão que o grupo nunca fez e, por isso, chegou a ser criticado pelos puristas. “Essa coisa de clássico versus popular, embora existisse, não é mais um tabu. Tem muita música tradicional que é sofisticada. A MPB é muito sofisticada, tanto que não vende. É uma coisa não comercial”, conceitua Sérgio Assad, citando entre esse naipe artistas Milton Nascimento e Caetano Veloso.
“Os artistas que antigamente eram chamados de MPB são artistas sofisticados. A música brasileira era sofisticada. Mas depois, massificaram tudo, o negócio virou ganhar dinheiro e entrou uma coisa chamada ‘música comercial’, que é uma coisa que artisticamente não tem valor nenhum”, critica o violonista.
Sérgio continua: “Essa coisa de música sertaneja, essa coisa feita pra vender, disso não fica nada! Quando passa 20 anos, ninguém vai lembrar mais disso. Mas valor artístico é duradouro, permanente. Você vai tocar uma música do Pixinguinha e o Brasil inteiro conhece. Daqui a 30, 40, 50 anos, todo mundo vai conhecer ‘O lamento’ e a ‘Rosa’ (ambas de Pixinguinha), mas ninguém vai lembrar quem foi a Popozuda”, compara. “A gente faz a coisa artística. A missão do artista é fazer isso, não é vender peixe. Peixe, deixa o peixeiro vender".
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