Editores fazem queda de braço pelos clássicos

Enquanto as editoras andam entortando cada vez mais o nariz para autores estreantes, a disputa pela publicação dos veteranos mostra que algumas editoras mal andam donas de seus próprios narizes. A Nova Fronteira é uma delas. Após disputa judicial, ela perdeu dois nomes preciosos de seu catálogo para a Global Editora: Manuel Bandeira (1886-1968) e Cecília Meireles (1901-1964).

Não foi só a Global que saiu ganhando da disputa: após a decisão judicial, a editora anunciou que serão reeditados cerca de 130 títulos dos dois poetas e também do escritor Orígenes Lessa (que tem sua obra dispersa em várias editoras).

A primeira leva de clássicos começa a sair entre os meses de janeiro e abril de 2012, perdendo um pouco o apelo comercial que o aporte das obras de Cecília Meireles nas livrarias causaria em 2011.

No mês passado celebraram-se os 110 anos da autora de Romanceiro da Inconfidência (livro editado em 2005 pela Nova Fronteira com apresentação da escritora Ana Maria Machado).

O projeto editorial da Global foi acolhido pelo advogado Alexandre Teixeira, que é neto de Cecília Meireles e agente dos direitos autorais da avó, bem como de Manuel Bandeira e Orígenes Lessa.

Não é a primeira vez este ano que editoras brigam nos tribunais por poder assinar seus relançamentos com a pena de grandes escritores.

Em julho, a editora Globo perdeu o 'passe' de Mário Quintana (1906-1994) para a Objetiva, que republicará os seus poemas também a partir do ano que vem, pelo selo Alfaguaia.

Já a Cia. das Letras 'tomou' Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) da Record e, em 2012, irá comemorar os 110 anos do Itabirense até nos e-books.