Em Natal, festival Mada acontece dentro de estádio de futebol

NATAL - A Paraíba jamais teve um festival como o Música Alimento da Alma - Mada. Há 17 anos, o produtor Jomardo Jomas move as dunas de Natal - para não dizer montanhas - para erguer a estrutura que recebe milhares de pessoas e dá visibilidade a bandas independentes, de dentro e fora do Rio Grande do Norte.

Depois de gloriosas temporadas na arena do Imirá, na via costeira de Natal, o festival passou por um período de baixa quando teve que se mudar para o estádio João Câmara, no bairro da Ribeira (o Centro Histórico de Natal). Ano passado, conseguiu abrigo no estacionamento da Arena das Dunas (que tinha acabado de sediar os jogos da Copa de 2014) e este ano, o Mada entrou em campo.

Realizado nessa sexta e sábado, em parte do gramado do suntuoso estádio de futebol de Natal, o Mada 2015 teve ingressos esgotados antes mesmo da primeira atração subir ao palco. Em cada noite, cerca de seis mil pessoas pagaram entre R$ 20 e R$ 100 para ver dez shows, de bandas independentes da cidade a nomes consagrados, como Pitty, Gabriel, o Pensador, Nação Zumbi e Nando Reis.

Jomardo atribui o sucesso das duas noites ao local, que além de conforto e segurança para o público, é de facílimo acesso; a grade de atrações e ao preço popular das entradas. “Graças à lei de incentivo que o festival recebe (o Mada é contemplado pela Lei Câmara Cascudo), nosso preço é diferenciado, não é o preço do mercado. A gente começou a venda com ingressos a R$ 20, assim o público pagou R$ 2 por show”, contabiliza o idealizador do festival.

O diferencial do Mada para outros festivais da redondeza é que o potiguar investe em um headline (atração principal) bem popular para que artistas menos conhecidos sejam apresentados ao grande público.

Então quem chegou cedo para ver Pitty acabou conhecendo, de repente, o cantor pernambucano Romero Ferro, o bem azeitado pop francês dos Juveniles ou conferindo a performance do Versalle, que passou pelo SuperStar.

Como nas outras edições, teve música para todos os gostos. A diversidade da cena local estava muito bem representada: do veterano Agregados, e seu hip-hop bem fincado, ao rock inglês do The Automatics, passando pela surf music instrumental da Camarones Orquestra Guitarrística e boas promessas, como Igapó de Almas e Luiza e os Alquimistas.

Atrações de outros estados, como a paulista Moxine, a cearense Rivera e o paraense Felipe Cordeiro (que se apresentou no domingo em João Pessoa) ajudaram a diversificar a palheta de ritmos, do rock indie à guitarrada do Pará.

DESTAQUES

Com a pontualidade britânica que é cara ao festival, além de sua infalível dinâmica entre os dois palcos, o Mada 2015 promoveu bons encontros, coroado pela apresentação de uma velha conhecida do festival: Pitty. Com caravanas de João Pessoa e Recife aportando para ver a roqueira baiana, a cantora não decepcionou com uma performance repleta de energia e todos os sucessos.

Já Gabriel, o Pensador estreou no festival e gostou tanto da receptividade do público que quase não saía do palco. Entre as novidades, seu novo single, ‘Chega’. “A gente tá focado em lançar single agora”, comentou o cantor, que não lança um disco desde 2013, nos bastidores.

No sábado, um dos melhores shows da noite foi do Scalene, banda de Brasília que é fenômeno nos serviços de streaming. Com integrantes na faixa dos 23 anos, o grupo falou a mesma língua do Queens of The Stone Age e Royal Blood, só que em bom português e em performance de alta octanagem.

Ainda no sábado, Nação Zumbi fez um show um pouco mais curto do que o apresentado na noite anterior em João Pessoa, ainda seguindo o roteiro de equilibar músicas do novo Nação Zumbi com o clássico Da Lama ao Caos, que fez 20 anos no ano passado.

Nando Reis coroou a noite com um repertório de hits. Com a banda Os Infernais ardendo em brasa, ganhou o público de Natal com uma performance impecável. No dia 21, ele chega com esse mesmo show a João Pessoa, apresentando-o no palco do Campos Festival.