CULTURA
Em novo CD, Xisto Medeiros usa a voz como instrumento
Instrumentista é integrante do Quinteto da Paraíba, da Orquestra Sinfônica da Paraíba e faz parte da banda de Chico César.
Publicado em 07/08/2010 às 9:08
Renato Félix
Do Jornal da Paraíba
O nome de Xisto Medeiros já é uma referência musical na Paraíba, mas não como aparece em Prana, disco que está lançando este mês: cantando. O instrumentista, integrante do Quinteto da Paraíba, da Orquestra Sinfônica da Paraíba e que faz parte da banda de Chico César, mostra sua faceta de cantor, interpretando composições suas com diversos parceiros.
Xisto para algumas faixas musicou poemas já existentes; em outras, entregou a melodia para que os parceiros criassem as letras. No primeiro caso, estão as canções assinadas com Hildeberto Barbosa Filho, Edônio Alves, Lúcio Lins e até José Lins do Rêgo. No segundo, estão Milton Dornellas, Marcos Fonseca, Ronaldo Monte, Pedro Osmar e Astier Basílio.
Também está no segundo caso a faixa que dá nome ao álbum. Prana tem uma relação íntima com uma tragédia pessoal vivida por Xisto Medeiros: a morte prematura de sua esposa, a jornalista Ana Cláudia Freire. “Uma semana depois, acordei com a música na cabeça”, conta ele. “Liguei pro Acilino Madeira e pedi pra ele fazer a letra” .
O título, porém, já existia a essa altura, por causa do show em homenagem a ela realizado poucos dias depois da morte. O nome Pra Ana virou Prana. A contração, sonoramente interessante, acabou tendo um significado, contado a Xisto pelo amigo que acabou batizando o show. “Ele disse que ‘prana’, em sânscrito, significa ‘o sopro da vida’”, lembra o músico.
Quando resolveu lançar seu primeiro disco solo, Xisto começou fazendo um apanhado do que já tinha composto. “Descobri que tinha mais canções do que temas instrumentais”, afirma. “Primeiro, pensei: ‘Vou misturar as coisas’. Mas me pareceu esquisito”. Ele preferiu, então, definir uma personalidade mais específica ao disco e enfocar as canções.
Em muitas ocasiões, a ideia aparecia e Xisto corria para pegar um livro de um dos amigos poetas e musicar uma das obras. Entre esse ímpeto e o convite aos amigos para colocarem letra nas melodias ainda sem poemas, saíram 22 músicas, das quais 17 chegaram a ser gravadas. No final, 14 compõem o disco.
Xisto pode não ter construído sua carreira pela arte de cantar, mas é algo que ele gosta de fazer desde criança. “Em 1984, aos onze anos, eu ganhei um festivalzinho na escola cantando aquela música da Blitz que diz ‘Longe de casa/ Há mais de uma semana’”, lembra, citando o clássico dos anos 1980 “A dois passos do paraíso”. “E meu avô sempre pedia pra cantar aquela música do Ednardo, ‘Pavão misterioso’”.
Anos depois, na primeira versão de seu show solo Contrabaixisto, em 2003, ele já se arriscava. “O show era um monólogo em que eu começava citando Chet Baker, passava para Cássia Eller e terminava com o Palhaço Pipokinha”, recorda. No espetáculo, ele recitava poesia e cantava.
Para o primeiro disco solo, Xisto Medeiros alia seu background clássico, a bordo da Sinfônica, e armorial, do Quinteto da Paraíba, a uma pegada mais pop, herança de dez anos acompanhando Chico César. Assim como os convites para parcerias nas composições, o disco também é cheio de participações especiais na gravação: Soraia Bandeira, JP Sax, Pedro Osmar e os próprios colegas do Quinteto da Paraíba.
Ainda não está definida uma data para o show de lançamento de Prana, mas deve acontecer ainda em agosto, possivelmente no evento de literatura que a Prefeitura de João Pessoa realiza este mês.
Comentários