CULTURA
Em tempos de crise, moda adere ao pretinho básico
Encare pelo lado positivo, a moda em tempos de crise sempre entra pra história com coisas inovadoras. Quem sabe esse momento nos traga algo de novo?
Publicado em 07/03/2009 às 7:30
Agda Aquino, especial para o Paraiba1
Se a gente parar para rever um pouco a história da moda recente, vai ser fácil perceber que as guerras e também as crises interferiram diretamente no jeito de vestir das pessoas. A diminuição das saias, do tamanho dos vestidos, o fim dos espartilhos e até mesmo a criação da calça jeans têm relação com esses momentos.
A indústria da moda encara a crise como uma oportunidade para recriar e reinventar a si mesma, principalmente quando se descute a consciência pelo bem da sociedade e do meio ambiente. Como em todos os setores da economia hoje, a crise serve também para incentivar a criatividade e formas diferentes de fazer as coisas de sempre. Na moda, as crises são sempre tempo de gastar menos tecidos, menos brilhos e reutilizar de forma diferente aquilo que já se usava antes.
Em Paris, na Semana de Moda mais importante do mundo, foi vista a tentativa de estimular o aumento do consumo. Com a intenção de espantar a crise, os estilistas investiram no glamour para provocar a vontade de compra e evitar que as pessoas fiquem mais pão duras.
Como mostra a história da moda, essa tática também foi usada na maior depressão econômica do mundo, depois da quebra da bolsa de Nova York de 1929, quando se viu maior opulência na moda e no cinema. Mas, por outro lado, as grandes marcas também cortam gastos, diminuindo o número de desfiles e cancelando festas.
Na última edição do São Paulo Fashion Week, em janeiro, os efeitos da crise também foram sentidos. Muitos vestidos, estampas e tendências da coleção passada foram reaproveitados. Mas a principal característica da crise na moda brasileira deste ano foi a presença do preto em quase todas as coleções.
É bem verdade que o preto é coringa e que o inverno sempre traz uma cartela de cores escuras, mas dessa vez ele estava muito mais presente. “O preto é a cor mais aceita pelos consumidores, tem um poder enorme de sensibilizá-los, em qualquer cenário econômico”, diz Rufino Luís Martins, professor de Varejo da pós-graduação em Moda do Senac-SP.
Assim, ao dominar a cartela dos estilistas da SPFW, o breu mostrou que a primeira arma de quem vive de roupas é a defesa: em tempos de crise, ninguém quer arriscar, para não encalhar nos estoques.
Mas e você, o que tem haver com tudo isso? É bem simples, mesmo que você não esteja sentindo diretamente no seu bolso os efeitos da crise mundial, eles vão chegar ao seu guarda-roupa. Talvez na forma do pretinho básico, talvez no glamour que estimula a compra ou até mesmo na reutilização de peças de coleções passadas misturadas com peças novas. Encare pelo lado positivo, a moda em tempos de crise sempre entra pra história com coisas inovadoras. Quem sabe esse momento nos traga algo de novo?
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