Emoções pintadas por Hermano José

“A arte é o resultado das emoções que você viveu”, pontua o artista plástico Hermano José, que completou no mês passado 91 anos de vida.

Uma retrospectiva das diversas fases do paraibano acontecerá nesta quinta-feira, às 20h, na Usina Cultural Energisa, em João Pessoa, como parte do projeto 10 Anos - 10 Exposições, com curadoria de Dyógenes Chaves.

De acordo com o próprio Hermano José, esta mostra que ficará aberta ao público até o final do mês e abrange 70 trabalhos – uma das mais completas retrospectivas de sua produção – será também a sua última.

A individual é um passeio pelas técnicas e temas abordados por José ao longo dos últimos 60 anos dedicados às artes plásticas. São desenhos (em grafite, pastel e crayon), pinturas a óleo sobre tela e sobre papel, litografias e gravuras em metal, aquarelas, estudos em desenho e pastel, marinhas, abstrações, retratos, paisagens e uma série de pinturas recentes.

“A gente faz o que pode e espera fazer isso com sinceridade, sem ser genial”, desabafa Hermano José. “Esses trabalhos são o que senti e vivi”.

NATUREZA

Dentre as obras expostas, uma de suas ‘musas’ ganha um destaque: a Natureza. Trabalhos como a litografia Cabo Branco: até quando? (1989) já demonstrava a urgência de preservar a falésia frente ao progresso desenfreado, um de seus ‘modelos’ mais presentes nos anos 1950.

A orla paraibana como um todo aparece também nas suas obras do início da carreira, a exemplos das marinhas que retratam praias como Camboinha e Gramame, além de paisagens mais urbanas como as pinturas da Lagoa do Parque Solon de Lucena, a ladeira do Varjão e a Igreja da Graça.

Também estão presentes na mostra a sua fase mais recente, onde promove um estudo com figuras mais abstratas, geométricas e prismáticas, apresentadas há dois anos na exposição intitulada As Cores que Pulsam.

“A arte tem a missão de sensibilizar as pessoas”, comenta Hermano José. “A ilusão que a arte nos oferece dá transcendência, como faz a poesia e a literatura”.