CULTURA
Érika Machado lança álbum voltado para público infantil e explora o 'diferente'
Cantora e compositora mineira conversa sobre 'Superultramegafluu', seu novo trabalho, que conta com bases eletrônicas e muita despretensão.
Publicado em 24/04/2015 às 6:00 | Atualizado em 14/02/2024 às 13:35
“Queria que fosse como uma palavra mágica”, explica a cantora e compositora mineira Érika Machado sobre a canção-título do seu novo disco dirigido ao público infantil, Superultramegafluu (Natura Musical), que também remete à famosa música 'Supercalifragilisticoespialidoso', palavra mágica do filme Mary Poppins (1964) que indica superação e mudança de vida.
Érika relembra ao JORNAL DA PARAÍBA que pensou em três diretivas quando decidiu fazer um disco para as crianças: os shows seriam em horários diferentes, seria livre para brincar com as palavras e o trabalho seria “mais mexido”, sobre bases eletrônicas. “Não me preocupei muito com o lado educativo porque nunca estudei pedagogia”, justifica. “Todo o processo foi intuitivo, mas tive muito cuidado em fazer as músicas”.
Um exemplo dessa acuidade musical e, ao mesmo tempo, um 'desconserto' de sentidos para as crianças está na composição 'Programa de índio', onde a artista mineira deixou o lado pejorativo do termo para incentivar a criançada para sair de frente do televisor. “Se fosse um disco para adultos, não tinha me preocupado com isso, mas a expressão é muito mal empregada e parei de usar com esse sentido”.
Outro desconserto está presente na letra de 'O lobo é legal'. Érika Machado explora uma outra perspectiva da antiga e famosa fábula infantil da Chapeuzinho Vermelho. Na canção, o lobo ganha voz alegando que comeu três porquinhos porque a Natureza dele é assim, além de afirmar que o “mau” do conto é o caçador. “Cada história dessa foi contada antes e isso é uma forma de repensar a música”.
Superultramegafluu reúne 12 canções autorais das quais três são em parceria com a amiga Filipa Bastos. A produção musical do terceiro disco da carreira da cantora ficou a cargo do conterrâneo John Ulhoa, da banda Pato Fu. O CD ainda conta com a participação do guitarrista Daniel Saavedra. Ambos os músicos participaram do seu trabalho de estreia, intitulado No Cimento (2006).
Um público fiel
Quando subia ao palco, Érika Machado notava que as crianças se faziam sempre presentes nas apresentações. “Isso me estimulou a fazer esse projeto”, conta. “É um público próximo do meu trabalho desde os primeiros shows. Resolvi priorizar elas, mas sem esquecer o resto da família”.
Formada em artes plásticas, a artista assina junto com a companheira de composição Filipa Bastos o multicolorido conceito visual do Superultramegafluu, assim como os cenários da turnê, que vai começar ainda neste semestre.
Até agora, a nova turnê está programada para o Rio de Janeiro e São Paulo. “Quero muito voltar à Paraíba. Já estive por aí duas vezes”, recorda. “Meu show antes tinha uma formação reduzida, mais intimista. Criança não curte esse lado. Penso numa banda compacta para circular e ter uma melhor performance possível”.
Dançante, eletrônico e desconsertante, Érika Machado vê em Superultramegafluu mais do que um disco onde o público alvo é o infantil. “Costumo dizer que este é o disco para quem tem uma criança no coração”.
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