CULTURA
Espetáculo ‘Cão sem Plumas’, de Deborah Colker, chega a João Pessoa nesta terça
Segunda a coreógrafa, espetáculo fala de um rio e das várias pessoas que vivem à sua margem.
Publicado em 25/03/2018 às 7:00 | Atualizado em 26/03/2018 às 9:37
Inspirado no poema homônimo de João Cabral de Melo Neto, Deborah Colker traz para a capital paraibana o espetáculo “Cão sem Plumas”. A apresentação será no Teatro Pedra do Reino, nesta terça-feira (27), às 20h. Segundo a coreógrafa, o espetáculo com dança, cinema, poesia e música. “São quatro linguagens que se unem para trazer um olhar para este poema como quem embarca em uma viagem”, explicou Deborah. Os ingressos ainda estão a venda nas lojas Hering no Manaíra Shopping ou no site Tudus.
Este é o primeiro espetáculo em que tem uma temática explicitamente brasileira. Publicado em 1950, o poema acompanha o percurso do rio Capibaribe, que corta boa parte do estado de Pernambuco. Mostra a pobreza da população ribeirinha, o descaso das elites, a vida no mangue, de “força invencível e anônima”. “O poema fala do rio, mas fala também do mundo. Fala do ribeirinho, mas fala de todos. Fala do descaso com a natureza e a luta de todos os dias. Fala da trajetória e da exuberância de um povo mastigado e guerreiro, enganado e teimoso, um povo que roubam dele até o que ele não tem”, explicou a criadora e coreógrafa de Cão sem Plumas.
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A dança se mistura com o cinema. Cenas de um filme realizado por Deborah e pelo pernambucano Cláudio Assis – diretor de longas-metragens como Amarelo Manga, Febre do Rato e Big Jato – são projetadas no fundo do palco e dialogam com os corpos dos 13 bailarinos. As imagens foram registradas em novembro de 2016, quando coreógrafa, cineasta e toda a companhia viajaram durante 24 dias do limite entre sertão e agreste até Recife.
Apesar de ser conhecida nacional e internacionalmente, Deborah Colker acredita que, como Stephen Hawking, o sucesso seja como um buraco negro. “Não existe topo de nada. Sucesso para mim é a luta que se luta a cada dia. É você descobrir que quanto mais você aprende menos você sabe. Sucesso é nunca desistir. é a força de querer fazer sempre de se transformar em algo melhor”, afirmou.
Desafios e censura
O reconhecimento levou a coreógrafa a ser a primeira mulher a produzir um espetáculo para o Cirque du Soleil. Intitulado Ovo, a produção foi um dos grandes desafios que integram sua carreira. “Foi extremamente desafiadora esta experiência. O mundo inteiro está no mesmo espetáculo, são muitas línguas em uma estrutura imensa”, comentou. Mas, segundo ela, o trabalho no Brasil também é cheio de desafios. “Trabalhar com arte é como qualquer trabalho. É difícil, exige dedicação e disciplina. Aqui a gente tem que matar um leão por dia”.
Deborah Colker é abertamente contra a censura na arte. Em outras oportunidades ela já tinha deixado isso claro. Porém, já aconteceu da companhia ter alguns espetáculos censurados. “No Emirados Árabes, foi solicitado troca de figurino”, lembrou a bailarina. Segundo ela, todas as formas de censura são retrocesso de conquistas antigas.
Os desafios não se limitam à sua vida profissional. Com seu neto, Theo, de 8 anos, Deborah enfrenta a dificuldade de lidar com uma doença genética, rara e, atualmente, sem cura. “Continuamos na luta pela terapia genética para as doenças raras”. Ela questiona a falta de investimento na ciência que há no Brasil e que todos perdem com a falta de investimento e de interesse. “Se Theo não tivesse nascido, eu não teria essa sensibilidade toda. Theo me fez buscar novos valores, novos caminhos. Só tenho a agradecer a possibilidade de criar algo tão intenso graças a ele”, frisou.
Serviço:
Cão sem Plumas
Data: terça-feira (27)
Hora: 20h
Local: Teatro Pedra do Reino, Centro de Convenções de João Pessoa
Ingressos: Plateia A: R$ 60 (meia) | R$ 120 (inteira) | Plateia B: R$ 50 (meia) | R$ 100 (inteira) | Balcão R$ 40 (meia) | R$ 80 (inteira) a venda nas lojas Hering do Manaíra Shopping ou no site Tudus.
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