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CULTURA

Espetáculo e utopia na Flip

Preso em 1936 por suas convicções políticas, Graciliano Ramos é o homenageado da 11ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty.

Publicado em 06/07/2013 às 6:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 14:20

"O mundo se tornava fascista. Num mundo assim, que futuro nos reservariam? Provavelmente não havia lugar para nós, éramos fantasmas". Não, o trecho anterior não foi extraído da biografia precoce de nenhum manifestante que saiu às ruas para 'acordar o gigante'. Saiu de um dos volumes das Memórias do Cárcere (1953), obra póstuma de Graciliano Ramos (1892-1953), homenageado este ano na 11ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (a Flip, no Rio de Janeiro).

Preso em 1936 por suas convicções políticas, o escritor alagoano teria todos os méritos literários para ser o centro das atenções do evento que termina amanhã depois de cinco dias de intensa programação. No atual contexto do país, com o inconformismo crescente das camadas populares com questões de ordem política e econômica, ganhou mais um motivo: o protesto social.

O tema, recorrente nas páginas do escritor alagoano, polarizou as discussões promovidas durante as mesas que contaram com a participação de convidados como Milton Hatoum, que proferiu a conferência de abertura, na quarta.

O historiador T. J. Clark, o psicanalista Tales Ab"Saber e o filósofo Vladimir Safatle (escalados de última hora, no lugar do francês Michel Houellebecq, que cancelou a vinda) tomam parte hoje à noite de um debate batizado sugestivamente de 'Da arquibancada à passeata, espetáculo e utopia'. De acordo com o site oficial da Flip, a discussão partirá de comparações traçadas entre as multidões dos estádios de futebol da Copa das Confederações e as que estamparam as manchetes dos jornais com gritos de ordem.

Entre o público que caminha pelas ruelas de Paraty está o escritor Braulio Tavares, colunista do JORNAL DA PARAÍBA, que falou à reportagem por telefone sobre as suas impressões do evento: "Apesar de o comentário geral ser de que o público desta edição diminuiu em relação às anteriores, a Flip ainda é um grande ponto de encontro entre escritores, editores e jornalistas. Eu estou palestrando muito mais fora dos espaços, com os conhecidos que encontro na rua, do que dentro deles".

Anteontem, Braulio foi uma das atrações de um espaço batizado como Casa do Instituto Moreira Sales, onde dissertou sobre a cultura popular. Ontem, ele conversou com crianças de uma das escolas de Paraty que adotavam os seus livros na grade curricular.

Braulio destacou como ponto alto da agenda o show de Gilberto Gil, que lançou a autobiografia Gilberto Gil Bem Perto (Nova Fronteira) em parceria com a jornalista Regina Zappa.

Outro ponto alto foi o lançamento do calendário brasileiro na Feira de Frankfurt e o encontro entre Renato Lessa, presidente da Fundação Biblioteca Nacional; José Castilho, secretário-executivo do Programa Livro e Leitura; e Bernadete Passos, integrante do Ponto de Cultura Casa Azul (que organiza a Flip).

EM PARALELO

Chico Noronha, coordenador do setor de Cultura do Sesc João Pessoa, também viajou ao Rio de Janeiro e atuou na Casa Sesc, promovendo ações que ligam a literatura ao teatro, cinema, artes visuais e dança. Todo ano, o Prêmio Sesc escolhe a Flip como plataforma de lançamento para os livros do concurso, que saem em uma tiragem inicial de 2.000 exemplares com o selo da Editora Record. Em 2013, os vencedores foram João Paulo Veneza (na categoria conto) e Marcos Peres (na categoria romance).

Segundo Chico Noronha, a programação paralela da Flip é um dos atrativos do evento. "Este ano o espaço foi ampliado em termos de debate, por meio de lançamentos de livros e palestras que estão ocorrendo em centros de 'animação' paralelos, digamos assim, mas que constam na programação oficial da Flip", diz Chico, que está em Paraty pela terceira vez.

A Flipinha, voltada para as crianças, é uma espécie de vedete deste segmento. Um dos projetos integrantes da Flipinha, por exemplo, envolve os pequenos leitores em atividades que vão do contato com a literatura através do decifrar dos livros até passeios de barco junto com escritores. O 'Mar de Leitores', coordenado pelo Instituto C&A e o Ponto de Cultura Casa Azul, colocou as crianças diante da atriz e dramaturga Karem Acioly nesta 11ª edição. Acioly é uma das referências brasileiras do teatro infantil.

Nem tudo, porém, são flores na maior celebração da literatura do Brasil. Ingressos caros (R$ 46 para a chamada 'Tenda dos Autores') e filas quilométricas continuam a ser um problema relatado pela maioria dos visitantes. Os protestos quanto a isso, entretanto, só ficaram no âmbito das reflexões nas margens plácidas do mar de Paraty.

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Jornal da Paraíba

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