Ex-Barão Vermelho lança projeto que celebra a música nacional

Carioca e nascido em pleno abril de 1964, dias após o golpe militar, Rodrigo Santos se diz ter sido puxado para o rock desde criança. Entre hiatos e voltas, o músico fez parte do Barão Vermelho por quase 20 anos, tocou em grupos como Kid Abelha, Blitz e a banda de Lobão.

A Festa Rock Volume 1 é o mais novo projeto do cantor e compositor, lançado em DVD de 21 faixas e CD com oito. A música nacional é lembrada numa linha do tempo que vai da década de 1960 até os anos 2010, com direito a pout pourris e novos arranjos musicais.

“Inicialmente, eu queria montar dez volumes com dez músicas cada, seguindo o tema de 'história do rock'”, disse. “Mas o disco acabou sendo consequência do que estou fazendo na estrada. O que seria história virou festa”. A ideia de fazer uma coletânea com 100 músicas, entretanto, ainda continua.

O repertório não segue uma linha certa do estilo musical. Enquanto Paralamas do Sucesso e, claro, Barão Vermelho ficam em boa parte do repertório, Jorge Ben Jor e Novos Baianos também ganharam espaço. “Tudo cabe no rock como tudo cabe no samba. Se você pensar nos Novos Baianos, a música deles foi revolucionária; o bandolim elétrico de Pepeu Gomes, o estilo de vida da banda. A atitude deles era rock'n'roll. Era uma banda que pertencia aos anos 1970 como o Led Zeppelin pertenceu”.

As faixas 'Fio maravilha', 'Taj Mahal' e 'País tropical', de Ben Jor, ganham versões mais pesadas e o show é encerrado com um inesperado rearranjo de 'Preta pretinha', dos Novos Baianos. “O canal de comunicação através da música é feito de samba e MPB. Os discos de Morais Moreira, Gil, Caetano, sempre misturavam Bossa Nova a outros sons. Fiz o percurso oposto, transformei o samba em rock”.

O registro ao vivo relembra o suor dos Beatles no Cavern Club ou o clima de apresentação de bandas de garagem – com uma qualidade sonora tremenda. “Esse show é bastante orgânico. Gravamos durante vários dias, ao vivo. Não interessava se a gente estivesse rouca, o que queríamos era gravar todo mundo ao mesmo tempo”. O músico completa afirmando que a ideia é criar atmosfera "como se fosse uma festa na casa de alguém”.

Enquanto se prepara o lançamento do 5º disco autoral, que acontecerá no ano que vem, Rodrigo Santos aproveitou a década de sua sobriedade para lançar o álbum e show ao vivo 'A Festa Rock Volume 1' (Coqueiro Verde, R$29,90).

A obra 'Cara a Cara' (Neutra Editora e Ultra Music), escrita pelo pesquisador Ricardo Puglialli e editada pelo próprio Rodrigo Santos, foi lançada este mês.

A biografia apresenta, através de 400 fotos inéditas e dezenas de depoimentos de músicos, a vida do ex-Barão Vermelho desde a sua infância até eventos recentes, como a parceria musical com o guitarrista Andy Summers (The Police). “Toda a minha reabilitação começou com uma reunião do Barão Vermelho. Os caras me abordaram e disseram: 'ou você para, ou sai'”, revelou.

O vício em drogas, causos e influências musicais são contados em detalhes primeiro pelo próprio músico e em seguida por amigos e familiares. “Passei três anos internado e posso dizer que há nove anos não sinto falta alguma do álcool e das drogas. Mas não é fácil. Convivi e convivo com muitos malucos. Eu parei de usar, mas o resto do mundo não”.

O livro leva o título da música que Rodrigo compôs para o disco homônimo do Barão Vermelho, em 2004. A biografia conta também com um CD de cinco músicas inéditas, incluindo a primeira que escreveu, aos 12 anos.