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CULTURA

Festejando a cultura afro

Celebrando o 'Dia da Consciência Negra', 3º Auto dos Orixás acontece nesta quarta-feira (20) no Ponto dos Cem Réis, Centro de JP.

Publicado em 20/11/2013 às 6:00 | Atualizado em 04/05/2023 às 12:12

O Ponto dos Cem Réis, no Centro de João Pessoa, será palco do 3º Auto dos Orixás, ato público em formato de espetáculo que mostra uma janela para a cultura afro-brasileira. O evento, que acontecerá nesta quarta-feira, às 19h, foi organizado pelo Ateliê Multicultural Elioenai Gomes para celebrar o Dia da Consciência Negra.

Misturando dança, música e poesia, o espetáculo é uma forma de protesto artístico contra a intolerância religiosa e a todos os tipos de preconceito, principalmente os ligados à cultura afro-brasileira.

Com direção e roteiro do artista visual paraibano Elioenai Gomes, o auto procura mostrar onde se situam os orixás em outras culturas pelo mundo, retratando a influência dos quatro elementos da natureza representados em diversos povos antigos.

De acordo com o diretor, o espetáculo será narrado por um contador de histórias e terá orações em forma de cantos, os chamados ‘iorubá’, feitos em rituais do candomblé e umbanda. Para as apresentações musicais, o evento contará com a participação do Coral Voz Ativa, do solista Johnny Everton e do Grupo Raízes, além dos bailarinos da Tribo Indígena Pele Vermelha. “O espetáculo é uma inclusão. É mais um laboratório para as pessoas vivenciarem o que é a cultura afro”, explica Elioenai Gomes.

Nesta 3ª edição, o sincretismo entre a religiosidade afro e outras religiões será o foco. O diretor explica que o auto mostrará a ligação dos orixás a santos católicos, relacionando Oxum com Nossa Senhora do Carmo, ou Iemanjá a Nossa Senhora da Conceição, por exemplo, com objetivo de desmistificar preconceitos.

“Não é trazendo fundamentos do sagrado, mas trazendo a vivência do sagrado”, aponta Gomes. “Deus é um só, e esse Deus não tem cara. A religião é uma ligação de si mesmo, um mergulho pra dentro”.

O figurino do novo espetáculo foi confeccionado com base nas ilustrações do famoso argentino radicado na Bahia Carybé (1911-1997).

OCUPANDO ESPAÇOS

A 1ª edição de O Auto dos Orixás, em 2011, mostrou a influência da cultura afro na cultura popular do Brasil. Já o 2º espetáculo, realizado no ano passado, mostrou como é a religiosidade dentro de um terreiro. “A ideia surgiu pela ausência de celebrações da consciência negra”, relembra o diretor paraibano.

Segundo Elioenai Gomes, as atividades do auto foram impulsionadas pelo programa Acolhimento Afetivo Temático, do ateliê multicultural batizado com seu nome, que atende grupos de várias instituições.

O projeto mostra vários aspectos das culturas afro e indígena, como o alimento, a dança, as lendas, entre outros aspectos.

CONSCIÊNCIA QUE VEM DE BERÇO

A questão da consciência negra vem sendo força motriz para vários livros infantojuvenis, promovendo a reflexão sobre o tema na sociedade e abordando as diferenças culturais.

Recentemente, a ilustradora paraibana Juliana Fiorese, junto com a escritora mineira Márcia Paschoallin, lançaram o livro intitulado Uma História Mais ou Menos Parecida (independente, 64 páginas, R$ 35,00), projeto aprovado pelo sistema crowdfunding (financiamento coletivo na internet).

Tendo como protagonista uma princesa negra, a obra é uma releitura de A Branca de Neve e os Sete Anões abordando o racismo entre as crianças.

Aproveitando o mês em que se comemora a Consciência Negra, várias editoras estão lançando obras que abordam a cultura afro-brasileira de forma lúdica e didática para crianças de diferentes idades.

Investindo neste segmento, a Editora do Brasil está lançando quatro livros infantis com esse mote. São obras que retratam desde o relacionamento de uma criança negra adotada, como Manuela (32 páginas, R$ 25,40), escrito e ilustrado por Regina Rennó, a histórias que retratam a cultura africana, como Histórias Africanas para Contar e Recontar (48 páginas, R$ 27,30), escrito por Rogério Andrade Barbosa e ilustrado por Graça Lima.

Ganga Zumba (Editora do Brasil, 24 páginas, R$ 26,80), de Rogério Borges, mostra a vida do primeiro líder do Quilombo dos Palmares, que lutou pelos direitos de ser humano até o fim. Já Pretinho, Meu Boneco Querido (Editora do Brasil, 40 páginas, R$ 32,20), de Maria Cristina Furtado e Ellen Pestili, narra a história de um boneco que tem de lidar com o ciúme e preconceito dos demais brinquedos.

Outro livro infantojuvenil que chega às livrarias este mês é Uma Pequena Lição de Liberdade (Mundo Mirim, 72 páginas, R$ 29,90), escrito por Emílio Braz e com arte de Rubem Filho.

A partir de uma conversa entre um aluno e seu professor por causa de uma briga em que o menino se envolveu no pátio da escola, a obra traz a história da escravidão no Brasil e a luta da resistência negra nos quilombos.

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Jornal da Paraíba

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