CULTURA
Filha de Martinho da Vila, Maíra Freitas se reinventa no segundo disco
Cantora decide caminhar com os próprios pés em 'Piano e Batucada', um disco predominantemente acústico.
Publicado em 02/12/2015 às 8:29
O tal do segundo disco é a prova de fogo de muitos artistas. A novata Maíra Freitas passa com louvor pelo desafio. Piano e Batucada (Biscoito Fino, R$ 24,90) atesta a incrível capacidade da cantora, compositora e hábil pianista de se reinventar com fôlego, mostrando que ela pode ir mais longe, sem perder o foco no talento, na qualidade das composições e nos arranjos firmes e bem executados.
Maíra já havia demonstrado ser uma grande promessa em seu disco de estreia, Maíra Freitas (2011), ao fugir da sombra do pai, Martinho da Vila. Com a ajuda da irmã mais velha, Mart'nália, que assinou a produção do trabalho de estreia, ela exibia virtuosismo ao piano, ótimo vocal e boas letras em disco que pendia para o samba-jazz.
“No primeiro disco eu fiquei muito envolvida com a minha família, com ela no estúdio o tempo todo, dando pitaco”, comenta a artista, por telefone. “Eu descobri que cantava com esse disco, e eu precisava desse apoio da família. Mas agora eu queria andar com as minhas próprias pernas, fazer um disco com um conceito diferente. Não perguntei nada pra ninguém desta vez”, acrescenta a cantora, entre risos.
Na nova direção musical que Maíra tomou, saem os arranjos orquestrais para entrar em cena uma formação mais enxuta. Como diz o título, os arranjos se resumem a piano e batucada, com passagens discretas, mas marcantes, de loops, sintetizadores e bases eletrônicas, que o primeiro trabalho não tinha.
“Eu gosto muito de flertar com essa coisa do novo e do antigo, então tem o piano clássico, instrumentos acústicos, contrabaixo, bateria, mas também bateria eletrônica, sintetizadores. O piano é a minha casa, é o meu instrumento principal, e não tenho como me afastar dele”, avisa.
Em disco predominantemente acústico, Maíra alcança ótimos momentos, como o irresistível samba ‘Êta’, que abre o repertório de 13 faixas, a intensa ‘Volta’ e ‘Risada’, dueto das irmãs Maíra e Mart'nália.
“Quando eu fiz ‘Gargalhada’, eu lembrava muito da Mart'nália, e da minha família no geral, porquê é uma música que fala de risada, aquele momento besteirol de alegria, e a gente tem muito isso na nossa família”, comenta a coautora da música, que contou a ajuda do paraense Felipe Cordeiro na composição e execução da faixa.
NUA E CRUA
Das 13 faixas, há três versões: com o Ilêayê, ela regravou o clássico de Nina Simone, ‘Feeling good’, em versão samba-reggae surpreendente. Com Felipe Catto, cantou ‘Estranha loucura’, famosa com Alcione, e solo, revisitou com elegância 'Minha festa', de Nelson Cavaquinho.
O repertório foi trabalhado ao longo de dois anos. De um pedaço de letra esquecido numa folha de caderno, de uma melodia registrada no celular, ela compôs Piano e Batucada - que quase se chamou ‘Nua', uma das faixas do CD.
“O disco fala muito de mim, e fala muito de exposição. São músicas muita íntimas, que falam de uma vida. (As letras) têm sentimentos que foram muito importantes pra mim, processos que eu passei”, explica.
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