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CULTURA

Flaw Mendes no ExpoSesc em Campina Grande

 A exposição faz parte da série Colecionador de Horizontes e tem como tema o autor paraibano José Lins do Rego.

Publicado em 10/07/2014 às 12:37 | Atualizado em 05/02/2024 às 16:41


Flaw Mendes já deu um susto nos campinenses instalando uma réplica gigante do Eu (1912), de Augusto dos Anjos (1884-1914), embaixo do viaduto Elpídio de Almeida. Agora, para a sequência da série Colecionador de Horizontes, é a vez de provocar o público com outro autor paraibano: José Lins do Rego (1901-1957).

Na composição das obras expostas a partir de hoje, às 19h30, no Hall de Exposição do Sesc Centro, o artista utilizou duas edições do livro Menino de Engenho (1932), uma delas datada de 1940 (ano de nascimento da mãe de Flaw) e outra de 1981 (ano de nascimento do próprio Flaw). "O pessoal se revoltou: como é que eu podia trucidar edições tão raras?", conta o artista, que comprou as edições em um sebo virtual e garante: havia outras, dos mesmos anos, disponíveis.

A escolha de José Lins do Rego se deve ao trânsito do prosador entre a ficção e a memória, algo que é reforçado pelo emprego de folhas de jornal (o jornal como dado supostamente real) misturadas às páginas dos livros na manufatura do papel no qual são aplicadas técnicas variadas, como a pintura, a costura e a colagem.

Segundo Flaw, a proposta é "reapresentar" a obra, jogando com as fronteiras que há entre a palavra e a imagem, a literatura e a arte visual. "A minha matéria-prima sempre foram os livros, por isso eu chamo este desdobramento de 'volume 2', o que é talvez a minha primeira subversão, já que o conceito de 'volume' como sequência vem da literatura", explica o jovem, que expôs o 'volume 1' da série na coletiva 1/3 de Cor, organizada no ano passado no Museu Assis Chateaubriand.

A expectativa é que duas obras que compõem a série (estas não inclusas na exposição de Campina Grande, que vai até o mês de agosto) sejam vistas também em João Pessoa, no Salão de Artes Visuais do Sesc, que será aberto em breve.

Integrante do núcleo literário Blecaute, Flaw Mendes trabalha ainda em um livro de poemas, que ainda não tem título nem previsão de ser lançado.

"Na verdade, eu não me sinto confortável em dizer que são poemas", corrige. "São 'desdobramentos visuais'. Desenhos e anotações que eu acabo adaptando para uma linguagem literária. Pretendo incluir em uma edição artesanal ou mesmo em um catálogo da série Colecionador de Horizontes."

Subversões


Para Flaw, migrar da prateleira para a galeria, e depois 'desmigrar' da galeria para a prateleira, novamente, seria "subverter a própria subversão". Talvez um elemento que justificasse ainda mais sua ambição de romper as fronteiras com a qual já trabalhou também em Palavraescritaimagem, individual que passou pela ExpoSesc no ano passado. Formado em letras pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Flaw ainda cogita um terceiro e último volume de Colecionador de Horizontes.

Imagem

Jornal da Paraíba

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