CULTURA
Forjando o sentido da vida
Novo documentário do paraibano Torquato Joel 'Transmutação', participará da 37ª edição da Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.
Publicado em 17/07/2013 às 6:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 14:30
“Só filmo o que me comove”, dizia o documentarista Vladimir Carvalho. O cineasta Torquato Joel gosta de tomar para si essa sentença e ampliar: “Só filmo o que me comove e como me comove”.
Seu novo documentário, Transmutação, é mais um exemplo das “inquietações existenciais que passam pelo ponto de vista da forma” visto em obras como Gravidade (2007), Aqui (2009) e Transubstancial (2003), entre outros.
O personagem central do curta-metragem é Chico do Bronze, que faz lápides, placas, bustos e outras esculturas utilizando como matéria-prima os restos de metais de exumações como alças de caixões e crucifixos. “Na verdade, é um cara muito inventivo que aproveitou seu talento para sobreviver”, descreve Joel.
A ideia de realizar Transmutação tomou forma devido a um amigo do diretor, o designer de moda Romero Sousa, que achou um senhor que tem uma pequena fundição ao lado de um cemitério em João Pessoa para um trabalho. Alertado sobre o personagem e o ambiente, Torquato foi visitar o local e ficou impressionado com o que achou e – seguindo os princípios do ‘conterrâneo velho de guerra’ Vladimir Carvalho – lhe comoveu.
Procurando “o sentido da vida em um pequeno ofício”, as inquietações existenciais no foco do curta de Torquato permeiam de seu olhar particular, mas com a colaboração coletiva. “A abordagem da linguagem surge a partir de mim, mas em sintonia com a equipe”.
Com patrocínio do Fundo Municipal de Cultura (FMC), edição 2012, o filme tem produção do ‘descobridor’ Romero Sousa, fotografia de Bruno de Sales, montagem de Ely Marques, mixagem e edição de som de Guga S. Rocha e música original de Carlos Anísio.
SEM LANÇAMENTO
Transmutação está começando sua trajetória nos festivais do país. Ontem o diretor recebeu a notícia que seu novo documentário participará da 37ª edição da Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, que será realizada no mês de outubro.
“Além de tradicional, é um festival super criterioso na seleção de seus filmes”, frisa o realizador paraibano.
Mais três produções paraibanas foram selecionadas para o evento paulista: Púrpura, dirigido por Tavinho Teixeira e A Queima, de Diego Benevides se juntam ao filme de Torquato no ‘Panorama Brasil’, e O Matador de Ratos, ficção de Arthur Lins que se encontra na mostra ‘Alguns Minutos a Mais’.
Mesmo começando a ser selecionado nos festivais, o novo trabalho de Torquato Joel ainda não tem previsão de lançamento na Paraíba.
“Não lancei Transmutação aqui porque não tem salas, não tem vazão para as exibições dos filmes feitos aqui”, desabafa o diretor e roteirista, que procurou as empresas de cinema da cidade sem obter nenhuma resposta.
De acordo com Joel, tudo é mais colaborativo, mas sem nenhuma solução mais efetiva de obtenção de novos (e funcionais) espaços para divulgar as novas produções audiovisuais paraibanas, que crescem exponencialmente.
PELO INTERIOR
Amanhã, no Congo, Cariri, o cineasta ministrará até o dia 21 mais uma edição do Jabre - Laboratório de Roteiro de Curta-Metragem para Jovens do Interior da Paraíba.
Torquato relembra que os frutos do Jabre geraram produções como o documentário Fogo-Pagou, de Ramon Batista, conquistador pela “simplicidade e lirismo” do Prêmio Itamaraty na 23ª edição do Festival Internacional de Curtas em São Paulo, realizado no ano passado. Dentre os membros do júri estava o diretor-geral da Semana da Crítica de Cannes, Charles Tesson.
Nesta quarta-feira, em João Pessoa, será exibido gratuitamente na Mostra Corte Seco outro documentário de Torquato Joel, Passadouro (2000), no Sesc Centro, com sessões às 10h, 12h, 17h e 19h.
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