CULTURA
Forró x sertanejo: um ano depois, envolvidos em 'disputa' ficam fora do São João de CG
Elba Ramalho e Marília Mendonça travaram um 'embate' de declarações em 2017.
Publicado em 28/04/2018 às 7:00 | Atualizado em 28/04/2018 às 16:07
Em 2017, uma verdadeira invasão sertaneja tomou conta do Parque do Povo durante o São João de Campina Grande. Uma parcela do público não gostou da 'novidade', defendendo que o espaço deveria ser exclusivo para o forró. Alguns artistas também não foram simpáticos à ideia e se posicionaram publicamente questionando a programação. Os sertanejos foram se defender e se criou uma verdadeira 'disputa' entre os dois gêneros. Um ano depois, todos os artistas que se envolveram diretamente na polêmica estão fora da lista de atrações do São João, entre eles Elba Ramalho.
Onze nomes do sertanejo passaram pela festa de Campina Grande no ano passado. Entre eles, alguns dos principais artistas do gênero, como Simone e Simaria, Luan Santana e Marília Mendonça, que foi anunciada como atração surpresa e cantou em uma das principais noites do evento, 24 de junho, quando se homenageia São João de fato.
Logo após o anúncio da programação, os forrozeiros manifestaram a insatisfação com a entrada dos sertanejos. Alcymar Monteiro, de fora da programação, divulgou um vídeo onde afirmava que o “São João está virando um festival de horrores”, com “música estereotipada e pessoas que não têm nada a ver com nossa cultura”. “Campina Grande, pelo amor de Deus, isso aí é um festival dos horrores. Campina Grande: o maior festival de breganejo do mundo”, pontuou o autointitulado Rei do Forró, diminuindo os sertanejos. Também se posicionaram contra o modelo da festa, mas com menor ênfase, nomes como Jorge de Altinho e Santanna.
No entanto, a coisa ganhou outro contorno quando Elba Ramalho também resolveu se posicionar publicamente com relação aos sertanejos no Parque do Povo. Diferente dos críticos anteriores, Elba estava na programação e mesmo assim não economizou nas palavras. “Eu não toco na Festa de Barretos, Dominguinhos também não cantava. A festa é deles, é dos sertanejos, e eles têm bem esta coisa: essa área é nossa” , disse na época. “Quando chega o São João, se você não tem forró… Eu não quero ir a uma festa que não tenha forró” , enfatizou.
Com os forrozeiros em revezamento no debate, a única sertaneja que entrou na resolveu entrar na discussão em defesa do gênero foi Marília Mendonça. Ela rebateu diretamente as declarações de Elba Ramalho.“Isso [ a ausência de forrozeiros em Barretos] é mentira. Talvez a porta não esteja aberta porque algo está fora do seu trabalho. Quem tá com trabalho legal tem portas abertas em todas as regiões do Brasil. O segredo é música boa. Não tem nada de um tomar o lugar do outro”, afirmou.
As declarações de Marília geraram um novo posicionamento de Alcymar Monteiro. O artista atacou a cantora passando completamente dos limites. “Aqui quem canta de galo é galo, galinha não canta aqui, não. Entendeu bem? Vá cantar em outro terreiro, deixe a gente em paz”, disse.
Todos fora
Um ano após a 'guerra' entre ritmos o São João de Campina Grande reduziu um pouco a participação dos sertanejos na festa. Caindo dos 11 de 2017, para sete em 2018. Se numericamente a queda foi pequena, representativamente ela foi alta já que grandes nomes do gênero, como Maiara e Maraísa, Simone e Simaria e Marília Mendonça não vão aparecer no Parque do Povo este ano.
Além de Marília, Elba e Alcymar Monteiro, os outros protagonistas da polêmica do ano passado também ficaram de fora da festa. A paraibana usou as redes sociais para soltar algumas indiretas sobre o assunto.“ São João de Campina Grande ano 2012. Podem me esquecer, mas eu vou lembrar sempre!”, escreveu a artista ao publicar uma foto antiga.
Procurada pelo JORNAL DA PARAÍBA, a empresa Aliança Comunicação e Cultura, responsável pela organização do São João de Campina Grande, disse que o fato de os artistas não estarem relacionados não tem nenhuma relação com os acontecimentos de 2017.
Por outro lado, a Aliança admitiu que a leve redução de sertanejos tem relação com as reclamações do público. “A programação é feita sim atendendo ao apelo da população. A redução aconteceu de forma natural, abrindo o palco do Maior São João do Mundo para novos talentos e nomes que a população quer assistir de forma gratuita”, declarou a empresa através da assessoria.
Especificamente sobre Elba Ramalho, a empresa disse que havia o interesse de contar com ela mais uma vez no São João e que isso só não foi possível por uma questão de agenda. “Como já foi amplamente divulgado, a data tradicional do dia 23 de junho foi oferecido à cantora, mas ela estava em outro compromisso, algo natural dos mercados”, disse a assessoria de imprensa da Aliança.
A reportagem tentou falar com Elba Ramalho através do empresário da cantora e também via assessoria de imprensa, mas não teve retorno em nenhum dos dois caminhos.
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