CULTURA
Genival Lacerda, o Rei da Munganga, não para nunca
Com música nova e disco engatilhado para agosto, o Rei da Munganga faz show neste sábado em Campina Grande.
Publicado em 20/06/2015 às 6:00 | Atualizado em 07/02/2024 às 17:24
São 65 anos de estrada, 84 de vida e uma lucidez de dar inveja a um garoto de 18 anos. Genival Lacerda mostra que tá na ativa e que ainda falta muito para abandonar os palcos. “Esse aí ta doido querendo meu lugar. Mas eu não dou ainda não”, brinca apontando para o filho João Lacerda, em conversa com o JORNAL DA PARAÍBA no restaurante de um hotel, em João Pessoa.
Com a agenda de shows cheia nessa época do ano, ele só lamenta não ter evento marcado na Bahia. “Eu sinto saudade de lá. Adoro fazer show no Pelourinho”, diz. Durante essa semana, o cantor passa hoje por Campina Grande e depois segue para Aracaju e Recife, onde é homenageado.
Na última quarta-feira, o cantor veio a João Pessoa para prestigiar a apresentação da quadrilha junina Flor de Mandacaru, que este ano prestou homenagem a Genival Lacerda, com o enredo ‘O Rei da Muganga’ e faturou o 1º lugar do Festival Municipal de Quadrilhas de 2015.
Para mostrar que ainda tem fôlego, ele acaba de lançar uma música nova, ‘Me dê o seu wi-fi’, composição de João Lacerda e Nerilson Buscapé, e se prepara para lançar, em agosto, O Melhor do Forró Pra Vocês Com Genival Lacerda, disco com 36 canções que marcaram sua carreira. O motivo de soltar esse trabalho? “Acho que daqui a dois anos já não gravo mais”.
No álbum, estão os sucessos do cantor, além de oito músicas de Luiz Gonzaga e quatro de Jackson do Pandeiro. Na verdade, é o show que Genival apresenta nos palcos, gravado em estúdio. “É o meu show montado que eu gravei. Passo uma hora e meia no palco, é de arder os pés, mas é bom demais. O disco é, bem dizer, ao vivo”, comenta.
Sobre essa volta para os estúdios e vontade de gravar mais, ele afirma que já está cansado desse ritmo de gravação. “Eu gravo desde 1956. Já passei por todas as gravadoras. Hoje, já estou satisfeitíssimo. Já fiz até cinema, televisão e programa de rádio”.
Assim como nos versos de Luiz Gonzaga, amigo do cantor, a vida de Genival Lacerda era andar por esse país. No Brasil, levou o forró nordestino para quase todos os estados. Em terras estrangeiras, ele passou pelos Estados Unidos e, agora, vai a Portugal no final de julho. “Depois de participar do programa de televisão lá, vou a Nossa Senhora de Fátima me ajoelhar em frente dela e agradecer muito pra ela por ter ajudado a mim e a João Lacerda”.
Conhecido por soltar a voz entoando músicas de duplo sentido, ao falar sobre o assunto Genival Lacerda contesta, dizendo que suas canções "não ofendiam nem ao poder público", e completa: "agora pergunte como é que vão as bandas de hoje cantando essas 'putarias'. Falaram de mim, que cantava 'Ele tá de olho na boutique dela'. Isso não é duplo sentido, gente! Essas músicas de hoje é que são muito apelativas".
De sua geração na música, Genival é o único que ainda está vivo e no palco, cantando. "Morreu Luiz Gonzaga, Marinês, Clemilda, Dominguinhos. Só tem Elba Ramalho! Aquela é dura na queda! E Deus permita que ela continue assim, porque é maravilhosa, eu adoro ela".
Planos de parar? Nem tão cedo. Para o futuro, ele pretende relançar o disco Forró Dance by Genival Lacerda (Paradoxx, 1995). O álbum superou suas expectativas de vendas. "Com uma nova roupagem, quero mostrar a essa juventude o sucesso que foi esse disco, que foi tocado desde 95 até os anos 2000", conclui.
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