CULTURA
Gilberto Gil diz que deve incluir música extra no repertório de show em João Pessoa
Baiano disse que irá apresentar um Gil sereno, mesmo com músicas provocativas.
Publicado em 06/06/2019 às 8:14 | Atualizado em 06/06/2019 às 18:59
“Já sei que querem a minha opinião, um papo reto sobre o que eu pensei, como interpreto a tal, a vil situação”. Os versos que iniciam o disco OK OK OK também vão abrir o show de mesmo nome que Gilberto Gil apresenta nesta quinta-feira (6) no Teatro A Pedra do Reino, em João Pessoa. Além do repertório que tem rodado o Brasil desde novembro do ano passado, o cantor baiano antecipou, em entrevista ao JORNAL DA PARAÍBA, que deve incluir uma nova música no show da capital.
“Bem, meu filho, que é o produtor do show e foi o produtor do disco, ele propôs inserir uma música que ele me ouviu cantando em casa. É uma música antiga minha que ele achou interessante que a gente ponha no show. Se a gente tiver tempo de ensaiar a gente vai colocar no show”, explicou Gil.
>> Confira detalhes do show na Agenda Cultural
A música que deve entrar no setlist para o show em João Pessoa é 'Opachorô', composta por Gilberto Gil no final dos anos 1970. Ele conta que a música é um variado sobre Oxalá e a sua relação com a Bahia e o Rio de Janeiro, mas os versos iniciais deixam brecha para crer em um novo fôlego do artista em usar a música como instrumento de protesto. Caso se sinta pronto para levá-la ao palco, Gil deve comover o público com os versos que entoa em Opachorô: “Oxalá Deus queira, Oxalá tomara. Haja uma maneira deste meu Brasil melhorar”.
Sem polêmicas
Apesar dos posicionamentos políticos exaltados, Gilberto Gil tem evitado ativismo, sobretudo após a eleição do presidente Jair Bolsonaro. Essa atmosfera ele também pretende refletir no show desta quinta-feira, em João Pessoa, embora reconheça que a insatisfação com a atual conjuntura social por que passa o Brasil o tenha inspirado para a construção de OK OK OK.
"A única coisa que se refere a um clima geral de desconforto social e etc. é a musica de abertura do show, que é a música título do disco, que fala exatamente dessa babel da internet de hoje em dia, das redes sociais, dessa pulverização de manifestações, dessa espécie de tribunal que se instaurou na internet com o discurso de ódio", comenta o artista.
Sereno
Apesar da provocação, o cantor disse que pretende trazer ao palco um Gil mais sereno, longe daquela "exuberância e da cintilância" do 'Realce', do 'Refavela'. "Agora é isso, a reflexão sobre os momentos da vida, da minha vida, o que me cerca, aquilo que eu alcanço como dentro do meu território de reflexão", desabafa.
O espetáculo, numa atmosfera mais intimista, terá em seu repertório cerca de 11 das 20 canções do disco "Ok Ok Ok", todas compostas por Gilberto Gil. O roteiro da apresentação, que leva uma banda completa, inclusive composta pelo filho Bem Gil na produção do espetáculo, tem ainda um bloco voz e violão, onde o artista apresenta duas faixas do ano passado e a canção "Se eu Quiser Falar com Deus", que ele lançou nos anos 1980.
Fora do seu repertório tradicional, o baiano apresenta ao público versões inéditas de "Pro Dia Nascer Feliz", de Roberto Frejat e Cazuza e "Nossa Gente (Avisa Lá)", de Roque Carvalho, sucesso da banda Olodum, que ele já havia gravado com o amigo Caetano Veloso no disco Tropicália. "São canções que eu gosto. Fiz uma releitura delas de acordo com meu modo atual de interpretação", justifica Gil sobre as escolhas.
Reencontro com Gil
Gilberto Gil afirma que apesar de saber que as pessoas podem ir ao show esperando que ele oriente a uma reflexão, o espetáculo não se propõe a isto. OK OK OK, enfatiza, é uma oportunidade de ver quem é este novo Gilberto Gil, revigorado, no palco. "Espero que as pessoas entendam como é que eu faço a minha reflexão. Quando eu escuto no disco, no rádio, mas ali tô eu e a pessoa, fazendo a minha própria reflexão presencial. Acredito que o público vai mais buscar o meu contato com a minha reflexão do que propriamente buscar o instrumento para que eles possam produzir a sua própria", comenta.
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