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CULTURA

Hildeberto por completo

Professor da UFPB e dono de uma vasta obra no campo da crítica literária; HIldeberto Barbosa lança o livro Nem Morrer é Remédio - Poesia Reunida.

Publicado em 19/07/2012 às 6:00


O poeta Hildeberto Barbosa Filho lança amanhã, às 17h, na Livraria do Luiz, em João pessoa, Nem Morrer É Remédio - Poesia Reunida (Ideia, 438 páginas, R$ 40,00), volume com seus 14 livros de versos: do primeiro, Geometria da Paixão (1986), ao mais recente, À Sombra do Soneto e Outros Poemas (publicado ano passado).

Natural de Aroeiras (Agreste), Hildeberto Barbosa Filho é membro da Academia Paraibana de Letras, professor da UFPB e dono de uma vasta obra no campo da crítica literária, ofícios que concilia com o exercício da poesia, arte que é o 'limiar do seu mundo' (plagiando os versos que abrem a grossa antologia).

Sobre o nome que enfeixa a coletânea, o autor dá a certidão de batismo: "Este título, que é um verso de O Livro da Agonia (seu segundo livro, de 1991), parece resumir bem o tom e a perspectiva de minha poesia. Sua feição fraseológica, seu timbre sentencial, sua coloquialidade, enfim, seus sortilégios significativos apontam para uma dimensão seminal de minha poesia, traduzida, sobretudo, nos embates cotidianos entre a vida e a morte, isto é, os grandes e duradouros temas da arte".

Nem Morrer É Remédio será apresentado nesta sexta-feira à noite pelo colunista do JORNAL DA PARAÍBA Chico Viana.

Hildeberto, porém, dispensou prefácios em uma compilação que coroa quase três décadas de poesia: "Afora os pequenos textos de orelha, quis reunir minha poesia sem a força preparatória, não raro, cúmplice, da leitura, característica das apresentações e dos prefácios", diz ele. "Sem cabotinismo: quero crer que uma poesia que se experimenta durante quase 30 anos de labor silencioso e contínuo pode ser publicada sem as muletas das palavras elogiosas, muitas vezes assinadas por mera convivência e oportunismo".

Dividem a orelha Jomard Muniz de Brito, José Mário da Silva, Edônio Alves Nascimento, Wellington Pereira e Sérgio de Castro Pinto, que atenta para o sentimento e a maturidade poética do colega que, como ele, debelou a "febre das vanguardas" para encontrar sua voz interna.

"Elaborar poemas é enfrentar os desafios da linguagem", ressalta Hildeberto. "Não que os sentimentos não sejam importantes. De uma maneira ou de outra, eles estão sempre presentes na fatura poética, mas não são os sentimentos que respondem pela sustentabilidade estética das palavras. Poesia não é confissão de sentimentos. Poesia é missão criativa diante das palavras. Mas esta missão, é claro, não pode se transformar em mero jogo verbal, em simples atividade lúdica, embora o jogo e o ludismo possam integrar à estrutura da criação poética".

"Quando a gente envelhece vê que não há nada de novo sob o sol. Eu estou na fase de revelar as mesmas coisas”, declarava Hildeberto à reportagem em 2011. Hoje, à luz da sua cartografia poética, explica-se: "A obra poética, dizia Ezra Pound, é novidade que permanece sempre novidade. Quando citei o Eclesiastes o ano passado, o fiz muito mais numa perspectiva filosófica do que propriamente estética. Quero crer que a obra de arte, portanto, todo e qualquer poema, transcende os limites históricos. O leitor de poesia sabe disto: é possível conviver com o poema na medida em que ele sempre fala aos apelos da sensibilidade presente, e seu sentido, ou sentidos, nunca se esgota".

Hildeberto, o crítico, aventa ainda a possibilidade de uma organização de sua fortuna crítica: "Existe material para isso e as diversas leituras abrem um permanente e frutífero diálogo com a poesia, ressignificando-a em múltiplas direções. A poesia, como qualquer ingrediente da geografia da cultura, carece também do ordenamento cognitivo e da organização operacional. Os estudiosos da literatura, sobretudo os estudantes de letras, nos diversos níveis, sabem o quanto trabalhos como este são relevantes, principalmente para as novas gerações".

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Jornal da Paraíba

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