CULTURA
Homenagem para Kaplan
Cantata escrita por Solha e musicada por José Alberto Kaplan será apresentada neste sábado (17) na Sala de Concertos da UFPB.
Publicado em 17/05/2014 às 6:00 | Atualizado em 29/01/2024 às 13:23
“Quando todo mundo no Brasil estava fazendo música internacional, Kaplan estava procurando a música brasileira”, relembra o paulista W.J. Solha sobre o amigo argentino que, como o próprio, escolheu também ser paraibano.
Inspirado na luta dos agricultores ameaçados de expulsão das terras de Alagamar, região entre Itabaiana e Salgado de São Félix, no Agreste paraibano, a cantata escrita por Solha e musicada por José Alberto Kaplan (1935-2009) será apresentada gratuitamente neste sábado, a partir das 20h, na Sala de Concertos Radegundis Feitosa, localizada no campus de João Pessoa da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
Em homenagem ao maestro e fazendo parte do projeto nacional Concertos Sesc Partituras, ‘Cantata para Alagamar’ terá o Coro de Câmara Villa-Lobos, sob a batuta e direção musical de Carlos Anísio. “Será uma versão ampliada que nunca foi apresentada antes”, revela o regente.
De acordo com Anísio, a única vez que essa versão feita pelo próprio Kaplan foi tocada aconteceu em 2012, em virtude da gravação do disco que será lançado ainda este ano.
“É mais enxuta. Kaplan adicionou um quinteto de cordas, instrumentos de percussão mais diversos. A cantata ficou mais robusta”, explica.
Solha fala que participou também do CD, substituindo Ubiratan de Assis, o Bira, que estará na narração junto com Fernando Teixeira na apresentação de hoje. Ambos participaram da obra desde sua estreia, em 17 de junho de 1979, na Igreja São Francisco, na capital. “Dom Helder colocou como parte da liturgia”, relembra Solha, inclusive da declaração de Dom José Maria Pires sobre a cantata ser de “um bispo, de um ateu e de um judeu”, em referência a Helder Câmara, Solha e Kaplan, respectivamente.
A obra foi apresentada durante a visita ao Brasil do Nobel da Paz Pérez Esquivel (no mesmo ano de estreia) e do Papa João Paulo II, em 1980. “Em 1979, o LP (lançado pela Marcus Pereira) ficou entre os 300 melhores discos do século 20”, afirma o maestro Carlos Anísio, que também participou da ‘Cantata para Alagamar’ como parte do coro na época.
Solha recorda que, após fazer o levantamento do que aconteceu em Alagamar, redigiu os versos populares baseado no martelo agalopado, na gemedeira, no aboio e no desafio em uma semana, quando Kaplan estava viajando para Viena, Áustria.
Em seu livro de memórias, Antes que Esqueça(m), o maestro achou que colocando música no texto, por melhor que fosse, só iria estragá-lo. Solha insistiu e um mês e meio depois surgiu a obra definitiva.
Segundo Carlos Anísio, haverá mais novidades em homenagem a Kaplan este ano: através do projeto Sesc Partituras, será apresentado mais dois concertos, em setembro e novembro, além de disponibilizar na internet no site de partituras inéditas do regente, que estavam guardadas apenas como manuscritos.
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