CULTURA
Ira volta ao Nordeste e faz shows em Natal e Recife
Depois de quase 3 meses na estrada, o Ira!, com sua nova formação, chega ao Nordeste.
Publicado em 13/08/2014 às 10:00 | Atualizado em 07/03/2024 às 13:54
Depois de quase 3 meses na estrada, o Ira!, com sua nova formação, chega ao Nordeste, onde tem shows marcados nesta quinta-feira no Teatro Riachuelo, em Natal (RN), e na sexta no Teatro RioMar, em Recife – João Pessoa, por enquanto, está fora da turnê ‘Núcleo Base’, que teve início no dia 17 de maio, durante a Virada Cultural de São Paulo, marcando o reencontro oficial de Edgard Scandurra com Nasi – o núcleo-base do grupo - depois de sete anos afastados.
Foi lá que guitarrista e vocalista apresentaram os novos companheiros – o baixista Daniel Scandurra (filho de Edgard), o baterista Evaristo Pádua e o tecladista Johnny Boy (ambos já haviam tocado com o Ira! nos últimos discos) - e sepultaram uma rixa pesada entre os dois integrantes que, em 1981, fundaram a banda de rock que fez história ao lado de Titãs, Capital Inicial, Paralamas do Sucesso e tantos outros grupos do tão falado “rock 80”.
“Não é uma turnê de despedida, um 'hello goodbye'. É o início de uma nova fase do Ira!”, garante Nasi, em papo com o JORNAL DA PARAÍBA, por telefone, vislumbrando, depois de três meses na estrada, um novo trabalho inédito da banda.
“Só não queremos ter pressa para fazer isso”, afirma o vocalista. “O próximo disco do Ira!, por ser numa nova formação e depois dessa ruptura de anos, tem que ser à altura dos melhores (discos) da banda”.
O Ira! chegou a ser sondado para lançar mais um disco ao vivo, mas a proposta foi descartada já que o grupo tem dois álbuns ao vivo no currículo (MTV Ao Vivo, de 2000, e Acústico MTV, de 2004). “Não é hora de lançar um material assim. Pra gente, seria um tanto redundante”, avalia Nasi.
A hora, então, é de mostrar músicas novas. Nasi revela que o grupo anda trabalhando material novo nos ensaios e dentro do ônibus, durante as excursões. “Como a gente tá viajando bastante, a gente tem ouvido música novamente e conversado sobre o que é legal, ou não, para o som”, comenta.
Uma canção inédita, mas anterior a esse retorno, integra o repertório de clássicos no show, que passeia praticamente por todos os discos da banda, até os mais obscuros, como Psicoacústica (1988). É ‘ABCD’, que Scandurra havia composto para um trabalho solo, mas acabou deixando-a na gaveta “por ser muito a cara do Ira!”.
Os planos para o novo trabalho já estão tão encaminhados que Nasi já sabe até que quer lançá-lo em DVD. “A gente estuda gravá-lo em um estúdio (ao invés do palco). Com ou sem público? Não sabemos ainda. A gente tá tratando isso com muita calma e o público terá que esperar, pelo menos, um ano”, comenta.
RENOVAÇÃO
A turnê ‘Núcleo Base’ – que deverá se estender até meados de 2015 – poderá até ser lançada em DVD, mas não é a prioridade da banda. “Mais pra frente, sim, porque seria interessante ter o registro dessa nova formação em um DVD ao vivo. Mas neste primeiro passo, tem que ter o compromisso com a renovação”.
Pelo papo com o vocalista, é de imaginar que o trabalho “da renovação” deve ter um pegada mais rock ‘n’ roll. Nasi conta que tem encontrado os velhos fãs nos shows, mas também uma garotada praticamente de fraldas. “Eu diria que metade do público é formado por uma garotada que gosta de rock e procura o som do Ira!”, comenta.
Ele atribui o novo público à internet. “Eu e o Edgard, juntos, somos os artistas brasileiros que tem mais material no Youtube, mais que Raul Seixas, Chico Buarque, Caetano Veloso”, garante. “Isso daí, talvez, seja fundamental para um novo público conhecer o Ira!”
Nessa garotada, Nasi enxerga o rock como uma referência para uma juventude mais rebelde, mas reclama que a hegemonia do gênero fez muito mal para o rock nos anos 1980, fase de maior sucesso do grupo.
“Quando você tem um gênero musical hegemônico, dominando todas as rádios e todos programas de televisão, você dá espaço para muita porcaria. Isso desgasta o gênero”.
Entretanto, passado esse frisson, ele diz que hoje é importante o rock ocupar um lugar mais segmentado. “Os novos trabalhos dos Titãs, Pitty, Capital Inicial, são discos mais pesados, mais roqueiros. Isso faz parte de uma segmentação, dos artistas de rock se dedicarem a uma linguagem que não é um coisa crossover porque têm que aparecer na TV. Então é um bom momento para ter um rock mais verdadeiro, mais intenso limitado a esse segmento que gosta do gênero".
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