CULTURA
Jack reinventa White Stripes
Em carreira solo, guitarrista do White Stripes lança o disco 'Blunderbuss' que faz uma releitura da banda de Jack White.
Publicado em 02/05/2012 às 6:30
Do alto de seus quase 37 anos, Jack White é, provavelmente, o melhor músico de sua geração. Guitarrista habilidoso e criativo, consegue conectar a sonoridade do passado (é ‘tarado’ por equipamentos valvulados) com um rock cerebral, distorcido e moderno, resultando em alguns dos trabalhos mais interessantes da temporada.
Sua estreia solo acaba de sair, inclusive no Brasil. Blunderbuss (Sony Music, R$ 24,90) é, praticamente, uma releitura de sua antiga banda, o duo White Stripes, acrescentado de muito mais vigor, mais completo e complexo.
O som do disco é, em essência, formado pelos riffs de guitarra e o piano vintage que ele vinha experimentando no WS e nos elogiados projetos Dead Weather e Raconteurs.
Embora Blunderbuss esteja envolvido em um projeto gráfico azul, cujo correspondente na língua de Jack, blue, pode remeter tanto a tristeza quanto ao blues propriamente dito, seu novo trabalho é movido por dor e ressentimento. Afinal, as letras – ótimas, por sinal -, vêm do fim do seu casamento com a modelo Karen Elson.
“Ela não se importa com que tipo de ferimentos ela me inflige / Ela não se importa com a cor dos hematomas que ela está deixando em mim / Porque ela tem liberdade no século 21”, canta na vigorosa ‘Freedom at 21’.
O blues aparece recondicionado com sonoridade garageira em faixas como ‘Trash tongue talker’, ‘Hip (eponymous) poor boy’ e a bela ‘Take me with you when you go’. Mas também há folk ('Love interruption' e 'Blunderbuss') e até um explosivo rock ‘n’ roll safra anos 50 (‘I’m shaking’), sem esquecer das ótimas 'Missing pieces', 'Sixteen saltines' e 'Freedom at 21', trinca que abre um dos melhores CDs do ano.
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