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CULTURA

Jackson do Pandeiro inspirou artistas de diversas vertentes da música brasileira

Versatilidade dimensiona a importância do paraibano para MPB até hoje.

Publicado em 31/08/2019 às 7:00 | Atualizado em 31/08/2019 às 15:25


                                        
                                            Jackson do Pandeiro inspirou artistas de diversas vertentes da música brasileira
Foto: Felipe Souto Maior / Secult PE – FUNDARPE

Um dos ícones da Música Popular Brasileira no século XX, o paraibano Jackson do Pandeiro influenciou não apenas artistas nordestinos, como promoveu uma reviravolta na produção cultural de artistas em todo o país. Do forró, transitando pelo samba e até o rock, não à toa que o agora centenário José Gomes Filho foi quem eternizou a expressão “samba rock”. Jackson é de fato reconhecido pela facilidade com que entoa os mais diversos gêneros musicais, baião, coco, samba-coco, rojão e marchinhas de carnaval.

Na lista de quem se dobrou ao talento, versatilidade e, sobretudo, à inovação percussiva e musical de Jackson do Pandeiro estão nomes da cena nacional como Gilberto Gil, que teve o prazer de gravar com o mestre, Ney Matogrosso e até mesmo o rapper Emicida, que foi um dos que também homenageou o mestre com uma composição; além do vizinhos pernambucanos Lenine, Silvério Pessoa, Alceu Valença e Geraldo Azevedo.

Responsável pela propagação da música nordestina por todo o Brasil, sua influência atingiu até mesmo João Gilberto, que, como diz a lenda, teria se inspirado na métrica do artista. Até mesmo a roqueira Rita Lee também tem em seu repertório uma música em que se reporta ao mestre do pandeiro. E por que não destacar também que uma música dele foi quem inspirou a escolha do nome dos baianos do Chiclete com Banana?

A turma conterrânea também bebeu na criatividade do mestre Jackson do Pandeiro para influenciar sua trajetória artística, a exemplo da musa do forró Elba Ramalho, Zé Ramalho, Genival Lacerda e até mesmo a eletrônica Mastruz Com Leite se inspirou na malemolência 'jacksoriana'. Como disse Lenine, "tudo é Jackson".

A lista de 'discípulos' musicais do Rei do Ritmo, que completaria 100 anos se estivesse vivo neste sábado (310), não é fácil de concluir. Muitos contemporâneos e gerações de músicos, inspirados em diversas vertentes culturais beberam na versatilidade geniosa de Jackson, portanto a lista não alcança nem um ínfimo do volume de artistas influenciado pelo paraibano centenário.

Como diz o jornalista Fernando Moura, um dos especialista na história do homenageado, entre os anos 70 e 90, solitários andarilhos e ruidosas caravanas musicais subiram na boleia do pai de arara elétrico de Jackson. Assim, o Jornal da Paraíba apresenta apenas alguns desses artistas, com algumas histórias curiosas e vídeos para festejar o centenário do Rei do Ritmo com o que ele fazia de melhor: música!

Confira abaixo alguns desses artistas:

Gilberto Gil

O baiano Gilberto Gil não esconde a reverência que tem ao ídolo Jackson do Pandeiro. Além de construir e reconstruir inúmeras versões para os clássicos do mestre paraibano, Gilberto Gil teve a honra de gravar algumas canções com ele, a exemplo de "Minha Zabelê" (1976), música composta por Torquato Neto.

O vídeo histórico dos arquivos da Jornal Nacional mostra uma dupla descontraída, com Gilberto Gil com o violão e Jackson com seu icônico pandeiro. O vídeo ainda tem um extra de cantor e compositor João Bosco ovacionando pela genialidade do mestre.

Outro registro interessante da parceira entre os dois músicos pode ser visto no dueto arrepiante Sou Eu Teu Amor, canção de Alceu Valença e Carlos Fernandes. Este último, inclusive, atribui a Jackson do Pandeiro o mérito de ter acelerado o frevo tal qual é escutado atualmente. Este detalhe que dimensiona a influência do paraibano no ritmo tradicional pernambucano está presente da obra "Jackson do Pandeiro: o rei do ritmo", escrito por Fernando Moura e Antônio Vicente.

Lenine

Dos grandes nomes da MPB, o músico pernambucano Lenine é facilmente um dos que mais se influenciou na versatilidade de Jackson do Pandeiro na hora de compor as letras e melodias das suas músicas. Não à toa foi o escolhido para abrir o Festival Jackson do Pandeiro, realizado pelo governo da Paraíba, em comemoração ao centenário do artista.

Na ocasião, Lenine ressaltou o significado especial de participar de um Festival em homenagem a Jackson do Pandeiro. “Ele é um pilar para mim porque se a gente for pensar na música popular brasileira, ele é um dos alicerces, o que é evidente para mim. Jackson é fundamental e importantíssimo e é muito bom estar fazendo essa comemoração com tanto tempo de festa”, disse.

O autor de Jack Soul Brasileiro declarou em uma homenagem explicitada nos versos "Quem foi que fez o samba embolar? Quem foi que fez o coco sambar? Quem foi que fez a ema gemer na boa? Quem foi que fez do coco um cocar? Quem foi que deixou um oco no lugar? Quem foi que fez do sapo cantor de lagoa?".

No show realizado em João Pessoa, no dia 25 de julho, em homenagem ao centenário do paraibano, Lenine foi enfático: "'Tudo é coco', dizia Jackson. Para mim, 'Tudo é Jackson'".

Elba Ramalho

A paraibana Elba Ramalho pode-se dizer que 'respira' a sonoridade de Jackson Pandeiro em cada cacho do seu cabelo até as pontinhas dos dedos dos pés, que sempre piruetam sobre o palco. Ao se apresentar na 29ª edição do Festival de Inverno de Garanhuns (PE), um encontro com artistas da música pernambucana e nacional, que prestou homenageou o centenário de Jackson do Pandeiro, Elba mais uma vez interpretou os sucessos do paraibano.


				
					Jackson do Pandeiro inspirou artistas de diversas vertentes da música brasileira
Elba prestou homenagem a Jackson do Pandeiro no Festival de Garanhuns (PE). Foto: Felipe Souto Maior / Secult PE – FUNDARPE. Foto: Felipe Souto Maior / Secult PE – FUNDARPE

Horas antes de subir ao palco, a cantora revelou, nos bastidores, o último encontro que teve com o músico, morto em julho de 1982. “Eu cruzei com Jackson quando ele tava infartando. Fiquei louca, procurando alguém que não deixasse ele cantar, mas ele só falava que precisava cantar. Essa homenagem é mais que justa”, lembrou a cantora.

Naquele mesmo ano, Elba gravou 'O Som da Sanfona, de autoria de Jackson. A canção seria a última canção dele gravada por outros intérpretes, segundo o escritor Jocelino Tomaz de Lima.

Em um registro publicado em sua conta no Youtube, Elba Ramalho se apresenta no Rio de Janeiro ao lado de Gilberto Gil, cantando a ofegante 'Na base da Chinela', composta por Rosil Cavalcanti e Jackson do Pandeiro.

Zé Ramalho

O também paraibano Zé Ramalho dedicou um CD inteiro para homenagear o mestre Jackson do Pandeiro.  Ele gravou o CD "Zé Ramalho Canta Jackson do Pandeiro". O repertório do disco, lançado pela Microservice, apresentou releituras de músicas compostas por Jackson, principalmente do repertório de cocos e forrós.

Além do tributo, Zé Ramalho também compôs uma música especial para Jackson do Pandeiro. "Mr. do Pandeiro" está no álbum "Zé Ramalho Canta Bob Dylan", de 2009. "Hey, Jackson do pandeiro, toque para mim! Não estou com sono e não tenho onde ir", entoa o refrão, com base na canção Mr. Tambourine Man, de Bob Dylan, mas com roupagem bem nordestina, com sanfonas.

"Antes de gravar, as versões foram levadas pessoalmente, pelo presidente da Sony Songs (Aloysio Reis), aos EUA, para apreciação do Dylan e seus assessores. Depois da avaliação, a assessoria mostrou ao Dylan e ele liberou totalmente todas as versões, inclusive com "louvor", ganhando elogios dele etc.", contou Zé Ramalho à Folha, na época. "Só começamos a gravar o disco depois das autorizações", completou o paraibano.

Alceu Valença

Grande nome da MPB, o pernambucano Alceu Valença  ladeia Jackson do Pandeiro e João Gilberto como dois professores da música brasileira. Para Alceu, Jackson do Pandeiro era uma verdadeira escola de canto. Assim como Zé Ramalho, Alceu teve o privilégio de gravar com o paraibano. No Festival Internacional da Canção, em 1972, eles fizeram o dueto cantando 'Papagaio do Futuro', Alceu ao violão e Jackson com seu pandeiro frenético. "Eu fumo e tusso fumaça de gasolina" é entoado repetidas vezes para embalar o repente acelerado.

Geraldo Azevedo

Outro grande nome do quarteto Grande Encontro (Elba Ramalho, Zé Ramalho e Alceu Valença), Geraldo Azevedo também cultivava uma idolatria pelo paraibano do pandeiro. Em 2007 ele convidou Alceu para cantar ‘Já que o som não acabou’, composta por ele e Geraldo Amaral, uma homenagem a Jackson do Pandeiro.

Em um show realizado no Teatro SESC Vila Mariana, em 2007, ele contou a história da música. "O Jackson a gente (ele e Alceu) conheceu editando uns discos. Encontramos Jackson, ficamos muito amigos, convidamos ele para participar de um festival, que a gente tinha classificado o Papagaio do Futuro, cantamos com ele. Fizemos a música dentro do espírito dele", comentou Azevedo.

Emicida

Mesmo com a identidade enraizada no rap, o rapper paulista Emicida também revelou sua admiração pelo multifacetado Jackson do Pandeiro em uma de suas músicas. Em 'Só Isso', composta por Leandro Roque De Oliveira em 2009, Emicida eleva grande nomes da música brasileiro como Zé Keti, Cartola e Paulinho da Viola no mesmo patamar do paraibano.

"No passin da formiga, pra que a cultura prossiga/ Zé Keti, Cartola, Paulinho da Viola na agulha/ Pra eu ficar bem / É tipo Jackson do Pandeiro, sonzin de verdadeiro / Sentimento que quem é tem/ Net de gambi pra ver clipe, MP pra fazer beat/ Esses bagulho aí que deixa nóis zen Mete na mala o disco, Tem que grava uns risco / Hoje, é, não lembro também", diz o refrão.

Ao fazer uma turnê em Nova Yorque, em 2003, Emicida também fez questão de inserir ritmos genuinamente brasileiros tais quais samplers de Jackson do Pandeiro, ao inserir 'Sebastiana' no repertório.

Genival Lacerda

Irmão de José Lacerda, que fez dupla com Jackson do Pandeiro logo no início da sua carreira artística, Genival Lacerda também abriu um parênteses da sua discografia irreverente para homenagear o ídolo. Em 1998, o compositor de músicas como Severina Xique Xique, De quem é esse jegue? e Radinho de Pilha lançou o CD 'Tributo a Jackson do Pandeiro'.

Longe da linha desavergonhada que é peculiar das suas músicas, na obra, Genival Lacerda se rendeu ao tradicional coco de roda e assumiu uma postura mais séria para homenagear o ídolo. Na lista de músicas de Jackson interpretadas pelo campinense estão clássicos como Canto da Ema, Cantiga de Sapo, Sebastiana, Forró em Limoeiro e Como Tem Zé na Paraíba.

Silvério Pessoa

Ex-integrante do grupo Cascabulho, Silvério Pessoa também transformou a paixão pela sonoridade de Jackson do Pandeiro em obra. Em 2015 ele gravou o álbum 'Cabeça Feita - Silvério Pessoa Canta Jackson do Pandeiro'. O lançamento do trabalho foi realizado na Praça do Arsenal, no Recife Antigo, na noite de São João, e contou com a participação do campinense Biliu de Campina.

Dez anos antes, Silvério Pessoa ele já havia gravado 'Batidas Urbanas', fruto do projeto 'Micróbio do Frevo', regravando vários frevos e sambas de Jackson. As músicas gravadas entre anos 50 e 60 receberam uma roupagem contemporânea, com o que havia de mais moderno na época. Uma mescla de programações eletrônicas, instrumentos eletrônicos, vários samples e vinhetas.

Ney Matogrosso

Ao mergulhar no projeto com Pedro Luiz e a Parede, Ney Matogrosso ovacionar a intrepidez de Jackson do Pandeiro, ao traçar uma nova versão para a provocante A Ordem é Samba. A música, de 1966, foi lançada pelo paraibano em um momento que o ritmo musical era visto com preconceito pelo sociedade. Já a versão de Ney faz parte do álbum

Chiclete com Banana

Um das principais músicas de Jackson do Pandeiro, Chiclete com Banana acabou inspirando a mudança do nome da então banda de baile Scorpius, comandada por Bell Marques, que tinham investido nos trios elétricos lá pelos idos de 1980. Quando a banda baiana iniciou experiências com todo estilo de música, do rock ao forró, o Nildão, cartunista e artista gráfico da Bahia, sugeriu a mudança do nome da banda para Chiclete com Banana, depois de ouvir a música “Chiclete com Banana”. O clássico samba rock na verdade é de autoria de Gordurinha e Almira Castilho, mas foi gravada por Jackson do Pandeiro em 1959.

Rita Lee

Fã de Michael Jackson, a roqueira Rita Lee se inspirou na personalidade de Jackson do Pandeiro para homenagear o ídolo. Em Yê Yê Yê, canção composta em parceria com o marido, Roberto de Carvalho, Rita Lee faz graça com o visual do Rei do Ritmo. "Ele é o rei do visual / Mendigo musical/ Sucesso na parada/ Com um rock comercial/ Malhado, trincado / Menudo metaleiro / Michael Jackson do pandeiro/ Superstar do sertão.

Imagem

Angélica Nunes

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