José e Pilar é exibido nesta quinta no Cineport

“Deus não precisa dos homens para nada além de ser Deus”. “A história dos homens é a história de seus desencontros com Deus: nem ele nos entende, nem nós nos entendemos”. “Sentir como uma perda irreparável o acabar de cada dia. Provavelmente isso é a velhice”. “Não conseguimos fazer da vida mais do que o pouco que a vida é”.

As frases são algumas das pérolas de José Saramago (1922-2010) colhidas pelo documentário José e Pilar (Idem, Portugal, Espanha, Brasil, 2010), um dos destaques da programação de hoje no quarto dia da agenda do Festival Cineport, em João Pessoa.

O longa-metragem, que estreou no Brasil no final de 2010 com 16 cópias, em apenas dez cidades, será exibido hoje, às 18h, na Tenda Andorinha.

Mais que uma crônica do amor entre o Nobel português e sua esposa, a espanhola Pilar del Río, o documentário de Miguel Gonçalves Mendes é um testemunho dos anos derradeiros de Saramago, das intermitências do tempo, das pelejas do homem com a morte e da consciência do escritor e em face da finitude de sua vida.

O filme relata ainda a passagem de Saramago pelo Brasil, onde o escritor é acossado por uma multidão de fãs e jornalistas, e o cotidiano tribulado de Pilar del Río (com especial atenção para sua militância em prol do feminismo e sua zelosa contribuição para a preservação do legado que seria deixado pelo seu marido).

Digna de atenção é também a relação de Saramago com seu país natal e seu exílio espontâneo nas Ilhas Canárias.

A presença de Pilar chegou a ser cogitada pelo festival, mas ela não vem mais, informou a assessoria do Cineport, sem maiores detalhes.

A programação com os filmes que ficam em cartaz na Usina Cultural Energisa até o próximo domingo pode ser acompanhada no site oficial do evento, www.festivalcineport.com.