Lágrimas, risos e o meio-termo

Não foi apenas de papéis cômicos que Robin Williams era reconhecido. Inicialmente, o ator ganhou notoriedade como o velho marinheiro comedor de espinafre dos quadrinhos e animações em Popeye (1980), adaptação de Robert Altman (1925-2006).

Foi com o meio-termo entre a seriedade e a comicidade que ganhou sua primeira indicação ao Oscar, pelo DJ que toca músicas vetadas e faz piadas em rádio para soldados norte-americanos em Bom Dia, Vietnã (1987), de Barry Levinson.

Uma das sequências mais marcantes do longa é na voz de Louis Armstrong (1901-1971) e sua 'What a wonderful world'.

Outra ponte entre as lágrimas e os risos foi seu professor de poesia nada ortodoxo, que leciona em uma escola preparatória para jovens de valores conservadores em A Sociedade dos Poetas Mortos (1989), dirigido por Peter Weir. O filme lhe rendeu mais uma indicação da Academia de Hollywood.

Um ano depois veio um papel mais sério e baseado na realidade com Tempo de Despertar, de Penny Marshall, onde o ator faz um neurologista que acha uma saída para os pacientes catatônicos.

Novamente se equilibrando pela linha do meio-termo veio sua terceira indicação, com o mendigo herói e um ex-professor de história medieval de O Pescador de Ilusões (1991), fábula urbana do amalucado Terry Gilliam. Foi com o mesmo diretor que Williams literalmente 'perdeu a cabeça' interpretando o Rei da Lua em As Aventuras do Barão de Munchausen (1989).

Gilliam é integrante do Monty Python, uma das grandes influências de Williams junto com a admiração por Jonathan Winters (1925-2013) e Richard Pryor (1940-2005).

No mesmo ano encarou um adulto Peter Pan em Hook - A Volta do Capitão Gancho, de Steven Spielberg.

Um exemplo de sua versatilidade cômica e vocal foi na dublagem de Aladdin (1992). A maior parte de seu diálogo na animação da Disney foi na base do improviso, que rendeu mais de 16 horas de gravação.

Ele recusou ser candidato ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por Aladdin em virtude de ter emprestado apenas a voz. Tal habilidade foi herdada quando era jovem, gordo e introspectivo.

Sua única saída para distrair foi passar a fazer várias imitações.

Depois de fazer as comédias Uma Babá Quase Perfeita (1993), onde faz um pai separado e desempregado que se disfarça de senhora para ficar perto dos filhos, e Jumanji (1995), aventura que mistura realidade e RPG, Williams finalmente se consagra com o Oscar de Coadjuvante, mas com um drama: o barbudo psicólogo que trata um rebelde expert no domínio da matemática em Gênio Indomável (1997), de Gus Van Sant.

Outro destaques na sua filmografia 'séria' (e que fala de morte e suicídio) é o drama surrealista Amor Além da Vida (1998), de Vincent Ward. Em 2002, ele não fez o público rir como um solitário funcionário de uma loja de revelação em Retratos de uma Obsessão, de Mark Romanek, e como o assassino de Insônia, dirigido por Christopher Nolan.

Segundo The Wrap, Robin Williams estará nas comédias Uma Noite no Museu 3 e Merry Friggin’ Christmas, além do drama Boulevard e da dublagem canina em Absolutely Nothing. O ator estava trabalhando na sequência de Uma Babá Quase Perfeita, mas não conseguiu gravar todas as cenas.