CULTURA
Lei determina mais Brasil na TV a cabo
Nova Lei da TV Paga entra em vigor este mês e canais por assinatura investem em produções brasileiras.
Publicado em 23/09/2012 às 16:00
A partir deste mês começa a entrar em vigor a Nova Lei da TV Paga (Lei 12.485), publicada no fim do ano passado, a partir da qual a Agência Nacional de Cinema (Ancine) espera incluir na grade de programação da televisão por assinatura, até 2013, pelo menos 3h30 por semana de conteúdo nacional e de produção independente em horário nobre.
As mudanças já podem ser notadas nos canais brasileiros de série, filmes e documentário e animação, que começam a exibir mais produções nacionais em suas guias: desde janeiro, por exemplo, a Rede Telecine anunciou um investimento na exibição de películas tupiniquins que trouxe aos lares de seus espectadores dois terços dos 100 longas-metragens do país que tiveram um público de mais de 2 milhões de pagantes.
Apesar da resistência inicial da rede, que em julho chegou a afirmar que o cumprimento das cotas "derrubava" a audiência dos seus seis principais canais, a rede aumentou o fluxo de compra dos blockbusters brasileiros, incluindo títulos nacionais em faixas onde eram raras suas aparições, como a do Telecine Cult, dedicada a clássicos.
O número de reprises (cujo limite não foi imposto pela Ancine na nova lei) destes títulos chegou a se igualar ao de filmes estrangeiros, de acordo com estudo recente da Ancine. O campeão foi As Melhores Coisas do Mundo (2010), filme da cineasta Laís Bodansky que foi repetido em 2011, ao todo, 39 vezes.
As séries gravadas no Brasil, que começam a acompanhar não só o boom quantitativo, mas qualitativo, do cinema nacional, também entraram no bolo, importando inclusive a mão de obra dos estúdios da sétima arte.
SELTON NO DIVÃ
O canal GNT anunciou para o dia 1º de outubro, às 22h30, a estreia de Sessão de Terapia, série cuja primeira temporada será dirigida por Selton Melo, com atores como Zecarlos Machado, Maria Fernanda Cândido e André Frateschi no elenco.
Sessão de Terapia é a nossa versão de In Treatment, que estreou em 2008 na HBO americana e, por sua vez, é a refilmagem da israelense BeTipul, de Hagai Levi. A série original teve duas temporadas, enquanto a sua réplica americana teve uma a mais (foi ela que revelou a atriz Mia Wasikowska, a Alice de Tim Burton). Nas mãos da HBO, virou um verdadeiro fenômeno de franquias, com pares por toda a Europa Central, na Polônia, Hungria, República Checa, Eslováquia, Romênia e Moldávia.
O sucesso se deve a sua prerrogativa simples: exibida diariamente, como uma telenovela, a série simula sessões de terapia nas quais os pacientes confessam seus problemas ao terapeuta, que às sextas-feiras frequenta a sua própria terapeuta, procedimento comum entre os profissionais de psicologia. Cada paciente tem o seu dia cativo, a ação se passa inteiramente dentro do consultório (sendo raras as tomadas externas), durante não mais que 20 minutos. O breve espaço de tempo evita que o enredo cabeça e que as limitações do cenário enfadem quem assiste, que estabelece uma empatia imediata com os personagens.
Produzida pela Moonshot Pictures, Sessão de Terapia terá, no Brasil, 45 episódios em sua primeira temporada. Zecarlos Machado interpreta o terapeuta Theo (papel interpretado nos EUA por Gabriel Byrne), conduzindo as sessões cujos roteiros seguem à risca o modelo americano, com o mesmo perfil dos personagens.
No making off da série, Selton Mello enfatiza a versatilidade do elenco, que veio de diversas escolas como a televisão, o teatro e o cinema: "Desde o começo a gente sabia que ia ser uma série de atores e personagens que você compra de cara. Os atores é que levam essa história: são duas pessoas conversando, sem firula. Tem muitas armadilhas para os atores. O desafio para mim era achar uma unidade para isso tudo. Eu sou um espectador de seriados. Poder fazer um seriado do início ao fim foi um privilégio gigante. Eu saio daqui (do estúdio) com uma sensação de quilômetros rodados. Aprendo muito com os atores e saio da experiência como um ator também diferente. É um trabalho que dá um prazer enorme para fazer".
O produtor Roberto D'Ávilla concorda: "Todos os recursos em volta estão postos para a performance do ator. Isso, somado com o Selton Mello na direção. Uma direção muito precisa, um trabalho muito firme na filigrana da interpretação".
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