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CULTURA

Lenine lança álbum "Chão"

CD é curto, intenso e assusta à primeira vista. Suas dez músicas duram, ao todo, cerca de 30 minutos, algumas aparentemente sem intervalo.

Publicado em 20/10/2011 às 6:58

São os sons dos passos da artista visual Sofia Caesar, num chão de brita, que abrem o disco, dão o ritmo à música e o tom do álbum: a ideia é aproveitar os ruídos, os sons do cotidiano e criar algo diferente. Incomum como quem canta em parceria com um canário belga, Frederico, que ‘sola’ empolgado enquanto se fala de amor. É com esse conceito orgânico e também concreto que o cantor e compositor Lenine chega ao seu 11º álbum, Chão (Universal Music, R$ 25,00).

O disco é curto, intenso e assusta à primeira vista. Suas dez músicas duram, ao todo, cerca de 30 minutos, algumas aparentemente sem intervalo. E difícil saber quando começa uma e termina outra. Ao fim fica a sensação de ‘acabou, mas já?’
Como sempre, o artista trabalhou muito. Compôs 20 letras, mas aproveitou apenas a metade. Segundo Lenine, essa agilidade foi intencional. "A sucessão das canções contam uma história. Se fosse para comparar com um livro, Chão seria um romance, e não um livro de contos”, diz o músico, por telefone. Por isso, a dica é ouvi-lo de uma só vez.

Chão tem uma assinatura e uma pegada bem Lenine, mas é completamente diferente de tudo que ele já fez. Em ‘Eu envergo mas não quebro’ o artista utiliza o som de uma motossera; uma chaleira é tocada em ‘Uma canção e só’ e uma máquina de lavar completa a base rítmica de ‘Seres estranhos’. Tudo isso sem adição, ou processamento, como explica o músico, que atribui a essa pureza sonora, o diferencial do álbum.

VOVÔ LENINE
A capa do CD traz uma foto de álbum de família, do neto Tom dormindo confiante, meigo e seguro, sobre o peito do avô. "Chão é uma referência a tudo que me sustenta, à família que é minha base, é minha sanidade”, diz Lenine.

Os laços de sangue também foram levados para o estúdio. O filho Bruno Giorgi assina a produção, em parceria com o pai e JR Tostoi, além da captação dos ruídos e mixagem, segundo o músico “não por nepotismo, mas por competência mesmo". "Ele é muito bom, já produziu outros trabalhos. Eu sou muito exigente, ainda mais com os meus filhos”.

Mas um novo Lenine para por aí. Velhos parceiros continuam juntos, como Ivan Santos, Carlos Rennóa e Lula Queiroga, que divide com ele a autoria da música que dá nome ao álbum, além de ‘Se não for amor eu cegue’, que também está no novo CD de Lula.

Mas acima de tudo, Lenine continua um músico apaixonado, continua romântico. “Não existe caminho sem amor”, comenta, provando, por exemplo, nos versos: “Qualquer amor já é um pouquinho de saúde”, de ‘Amor é pra quem ama’.

Uma turnê pelo Nordeste para mostrar o novo trabalho, ele quer fazer até o fim do ano.

Imagem

Jornal da Paraíba

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