CULTURA
Livro aborda o fim dos Beatles
Livro definitivo sobre o longo e doloroso processo de separação dos Beatles, foi escrito pelo jornalista inglês Peter Doggett.
Publicado em 15/01/2013 às 6:00
Os Beatles criaram a trilha sonora dos anos 1960 e representaram, mais que qualquer outro artista, a ingenuidade, a beleza e o otimismo daquela década. Mas a separação da banda, em 1970, foi marcada por ódio, vingança e processos judiciais. Um fim triste para o grupo que sonhou em mudar o mundo.
O jornalista inglês Peter Doggett escreveu o livro definitivo sobre o longo e doloroso processo de separação dos Beatles: A Batalha pela Alma dos Beatles (512 págs., R$ 69,00), que acaba de sair no Brasil pela editora Nossa Cultura.
Mesmo quem conhece a história dos Beatles vai se surpreender com o detalhamento do livro de Doggett. Ele revela todos os pequenos desentendimentos que acabaram virando abismos intransponíveis no relacionamento da banda.
A história da Apple, a utópica e malsucedida gravadora da banda, é contada com minúcias, assim como as complicadíssimas batalhas judiciais pós-separação.
"Venho coletando material sobre os Beatles desde 1970, quando era apenas um fã da banda", diz Doggett à reportagem. "Quando chegou a hora de escrever o livro, eu já havia entrevistado muitas pessoas num período de 20 anos."
Entre elas, Doggett destaca as de Yoko Ono e de Louise, irmã de George Harrison (1943-2001). "Foi fascinante falar com Louise e saber detalhes sobre como George recebeu a notícia da morte de John (Lennon)."
Mas a entrevista mais reveladora, segundo o autor, foi a de Derek Taylor (1932-1997), o assessor de imprensa dos Beatles. "Falei com ele pela primeira vez em 1988", conta. "Taylor foi incrivelmente honesto sobre as qualidades e fraquezas dos Beatles como seres humanos e sobre os problemas que tiveram com a Apple."
Doggett afirma: "Os Beatles descobriram algumas grandes verdades: você não pode se envolver em negócios sem se tornar um negociante; você não pode entrar no mercado sem se tornar um capitalista; você não pode supor que, só porque você tem ideais fortes, o resto do mundo vai dividi-los com você".
BRIGAS E SOCOS
O livro surpreende pelo teor raivoso das brigas, que só pioraram depois que John Lennon (1940-1980) começou a levar Yoko para o estúdio.
George Harrison não suportava Yoko e chegou a sair da banda depois de trocar socos com Lennon, que imediatamente sugeriu Eric Clapton para o lugar de Harrison.
Outro caso que mostra o grau de ódio entre eles aconteceu depois de um ensaio da música "Across the Universe", de Lennon, quando Paul McCartney teria dito: "Tem uma influência oriental que realmente não combina aí", deixando no ar se estava se referindo à música ou a Yoko.
"Fiquei triste por eles", diz Doggett. "Eles cresceram confiando nas pessoas que estavam próximas. Depois de 1969, no entanto, se viram sem ninguém em quem pudessem confiar."
"O que mais me impressionou foi que eles continuaram a fazer música nos anos 1970, mesmo tendo reuniões diárias com advogados e quando todo mundo estava querendo processá-los e eles estavam processando uns aos outros", completa. (Da Folhapress)
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