CULTURA
Livro analisa presença de Shakespeare no cinema
Publicado em 15/12/2013 às 8:00
Há mais entre a obra de William Shakespeare (1564-1616) e o cinema tupiniquim que o que supõe nossa vã filosofia.
Adaptação Intercultural: O Caso de Shakespeare no Cinema Brasileiro (EDUFBA, 369 páginas, R$ 45,00), livro que o pesquisador Marcel Vieira lança neste domingo, em João Pessoa, mostra por que a ligação entre a dramaturgia do bardo inglês e a sétima arte brasileira vai muito além da relação entre textos: é uma relação entre culturas.
O lançamento será no hall do CinEspaço, às 18h, durante a programação do 8º Fest Aruanda do Audiovisual Brasileiro. A obra é resultado da tese de doutorado do autor que foi premiada no ano passado pela Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação (Compós).
"O objetivo geral da pesquisa foi fazer uma análise de filmes brasileiros adaptados da literatura de Shakespeare, mas o que começou como uma simples tentativa de fazer um levantamento acabou encontrando um problema: o de redesenhar um modelo analítico para pensar um tipo de adaptação que não é apenas intertextual, mas intercultural", afirma Marcel, que é professor do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
Durante o doutorado na Universidade Federal Fluminense (UFF), entre 2008 e 2012, o pesquisador visitou acervos como o da Cinemateca do Museu de Arte Moderna (MAM), do Rio, e a Cinemateca Brasileira, em São Paulo. Segundo ele, entre os filmes que compõem o estudo, há desde títulos que fazem uma ponte mais direta com a obra de Shakespeare, como a comédia O Casamento de Romeu e Julieta (2005), de Bruno Barreto, até outros com referenciais mais velados, como o clássico Faustão (1970), de Eduardo Coutinho.
"Uma das principais estratégias adaptativas é trazer a trama pra dentro da realidade sociocultural brasileira", explica Marcel, citando outros filmes como A Herança (1969), de Ozualdo Candeias, e Jogo da Vida e da Morte (1971), de Mário Kupperman. "Ou mudar a chave do drama para a comédia", diz ele, dando como exemplo Carnaval no Fogo (1949), de Watson Macedo, e Mônica e Cebolinha no Mundo de Romeu e Julieta (1979), de José Amâncio.
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