CULTURA
Livro conta a história de dedicação ao forró do músico Pinto do Acordeon
Onaldo Queiroga e Pinto do Acordeon se encontram em livro sobre a carreira do músico.
Publicado em 19/06/2015 às 6:00 | Atualizado em 07/02/2024 às 17:24
Em 1983, de férias na cidade de Pombal, o estudante Onaldo Rocha de Queiroga assistia, pela primeira vez, Pinto do Acordeon soltar a voz. Pouco mais de dez anos depois, em 1995, já titular do 2º Juizado Especial de Pequenas Causas da capital, o juiz e o artista dariam início a uma amizade regada a música, à cultura nordestina e, sobretudo, ao mestre Luiz Gonzaga (1912-1989).
Vinte anos depois, Queiroga publica Por Amor ao Forró - Pinto do Acordeon (Latus/UEPB, 230 págs.), livro biográfico que mostra as faces de Francisco Ferreira Lima, cantor, compositor e sanfoneiro nascido em Conceição do Piancó, que conviveu de perto com Gonzagão, emplacou sucesso em novela e compôs alguns dos mais belos hinos do cancioneiro nordestino.
O livro será lançado hoje, em Patos, cujo São João homenageia o artista, levando-o ao palco logo mais, à noite, para a abertura dos festejos juninos.
A partir das 10h, Onaldo estará autografando a obra no Centro Cultural de Patos e amanhã, às 19h, lança o livro no Centro de Imprensa do Parque do Povo, em Campina Grande. O lançamento em João Pessoa ficou para julho, em data e local a serem definidos.
“A partir dali estreitei o contato com Pinto e, assim, passei a conviver não só com o artista, mas também com o ser humano”, comenta Onaldo Queiroga, referindo-se ao encontro que teve com o músico em 1995, numa festa de São João promovida pelo Tribunal de Justiça da Paraíba. “Com o tempo, tornei-me amigo de Pinto, encontrei nele um poeta, um compositor e um cantor muito ligado às suas origens, mas acima de tudo, um grande homem, amigo e com um coração imenso”.
Defensor da cultura regional, a exemplo do autêntico forró, e como bom gonzagueano que é, Queiroga conta que sempre esteve atento aos descendentes do Rei do Baião - linhagem da qual Pinto do Acordeon sustenta com raízes profundas - e enxergou no artista elementos que se identificaram com seus próprios ideais culturais.
Por Amor ao Forró levou dez anos para ficar pronto. Nesse tempo, Onaldo empreendeu a tarefa de analisar de perto as canções de Pinto do Acordeon. Observava o tom romântico, o teor telúrico da prosa, a crítica social das letras. Entrevistou artistas que cruzavam o caminho do músico paraibano e fotografou o cotidiano do artista.
O autor diz que é fã do cantor e do sanfoneiro, mas também do compositor. “Pinto é autoral. Se olharmos seus discos, logo percebemos que as músicas são de sua autoria. Ele só abre mão de suas canções quando canta Luiz Gonzaga”, explica.
Entre as canções de Pinto do Acordeon que Onaldo mais gosta está ‘Por amor ao forró’. "Ela conta verdadeiramente a história de Pinto. É uma bela letra com uma linda melodia”.
BATE-PAPO DOS BONS
Dividido em cinco capítulos, o livro abre com um ótimo papo entre o autor e o biografado. É uma conversa que gira em torno da carreira de Pinto do Acordeon e da convivência dele com Luiz Gonzaga, o que rende ótimas histórias, como quando Seu Lua fez uma visita de surpresa à casa do discípulo, em Patos, ou quando o paraibano ofereceu uma música para o pernambucano gravar.
A entrevista é a transcrição de vários encontros que Onaldo teve com o músico a partir de 2004, quando o magistrado passou a integrar o programa de rádio Vida de Viajante, na 100.5 FM. “Pinto foi entrevistado por três vezes”, ilustra o escritor. “Guardei esse material e depois saí transcrevendo todo o conteúdo dessas entrevistas. Não ficou nada de fora, tudo que ele falou está no livro”.
O segundo capítulo é formado por crônicas que acabam por narrar a vida e a obra do cantor, enquanto no terceiro, Onaldo disseca o conteúdo das músicas gravadas pelo biografado. O quarto registra a participação de Pinto do Acordeon em filmes, documentários e programas de rádio, e o quinto reúne depoimentos de diversos artistas sobre o personagem, como Dominguinhos, Fagner e Vital Farias, entre outros.
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