CULTURA
Lucy Alves já ganhou
Conquistas da cantora pessoense, que sempre defendeu a música nordestina, já fazem dela uma vitoriosa.
Publicado em 26/12/2013 às 6:00 | Atualizado em 12/05/2023 às 14:36
Independente do resultado do The Voice Brasil, logo mais, Lucy Alves já venceu. As conquistas que a jovem cantora pessoense, que sempre defendeu, com unhas e dentes, a música brasileira, em especial a nordestina, já fazem dela uma vitoriosa. “Na verdade, os quatro já venceram”, amplia a diplomática Lucy, referindo-se aos seus oponentes desta quinta-feira: o cearense Sam Alves, o fluminense Pedro Lima e o catarinense Rubens Daniel.
“Estou tranquila”, garante a cantora, que se apresenta, ao vivo, a partir das 21h30 (horário local), quando o programa tem início.
A TV Cabo Branco, afiliada Rede Globo em João Pessoa, transmite o show de um telão no Busto de Tamandaré, onde a torcida pela cantora estará concentrada a partir das 20h em meio a uma grande festa que contará com a participação do grupo regional Os Gonzagas.
Até aqui, Lucy coleciona duas vitórias importantes graças ao The Voice Brasil: com sua voz miúda e delicada, sua habilidade extraordinária na sanfona e um repertório tipicamente nordestino, ela subverteu um programa que tem por filão cantores de timbres altos e repertório pop internacional.
“O que mais me surpreendeu foi saber que a música brasileira ainda toca muito as pessoas e que ela tem espaço no mercado fonográfico”, comenta. “A gente conseguiu cativar muita gente, não só o povo nordestino. Tem gente de lá do Sul, do Sudeste, que diz que está comigo. Muitos músicos também, como (o bandolinista carioca) Hamilton de Holanda e Ellen Oléria (vencedora do último The Voice Brasil)”
No embalo do programa da Globo, Lucy também levantou a autoestima da Paraíba como poucos artistas da terra fizeram.
Aflorava o "Orgulho de Ser Paraibano" a cada etapa vencida. "As pessoas me param e me dizem que esqueceram um pouco de seus problemas por conta disso. Pessoas que estão com dívidas, que estão para se separar, eles me dizem que me veem e deixam as tristezas de lado”.
ANTESSALA DO SUCESSO
O The Voice Brasil colocou Lucy na antessala do sucesso e fecha, com chave de ouro, um ano importante para a carreira da cantora de 27 anos, 11 deles em cima do palco.
Em janeiro, Lucy excursionava com Alceu Valença pela Europa, onde fez suas primeiras apresentações internacionais. Em maio, a vocalista do Clã Brasil se lançou em carreira solo com o show ‘Luiz Lua Gonzaga na Voz de Lucy Alves’, que ainda dará origem a um DVD e, quando se preparava para voltar a excursionar com Alceu, foi convocada para o The Voice.
“Eu não mudei nada. Nada me deslumbra. Continuo a mesma pessoa", afirma, com segurança. Encaro (a participação no programa) como uma passagem muito boa da minha vida, que veio no momento exato: nem queria que tivesse vindo antes, nem depois. Hoje eu tô madura para estar lá”.
Para chegar até aqui, Lucy Alves venceu cinco etapas (veja box abaixo), cantando músicas de Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Geraldo Vandré, Moraes Moreira e, claro, do técnico de seu time, o baiano Carlinhos Brown. “Acompanhando a edição anterior do programa, eu percebi que o time de Brown era o mais brasileiro e ele gostava de manter isso. Foi quando eu vi que ele parecia comigo”.
Lucy conquistou o Brasil com a sanfona em punho – ela tem cinco; uma delas pesa 12 quilos – e foi desafiada por Lulu Santos, outro técnico do programa, a se apresentar sem sua “primeira voz”, como Brown referiu-se ao seu instrumento. Isso aconteceu na semifinal, quando ela apresentou ‘Festa no interior’. Mas antes, dedilhou o piano com uma bela versão de ‘Disparada’.
“Eu já imaginava que, em algum momento, eles iriam tirar todos os instrumentos e muita gente estava cobrando isso, mas eles sempre me respeitaram como instrumentista. Eu já vinha me preparando psicologicamente, não foi nada do outro mundo não”, garante.
DISCO E SHOWS NO CARNAVAL
De outubro para cá, quando o programa estreou, a vida de Lucy Alves tem sido um furacão. A exposição da cantora rendeu convites, milhares de fãs - seu perfil no Instagram (lucyalves_cla), por exemplo, pulou de algumas dezenas de seguidores para mais de 33 mil - mas também alguns desgostos.
"Tive que aprender a lidar com o público. Para isso eu não estava preparada não”, confessa. “A gente recebe mensagens carinhosas, mas também críticas, às vezes bem perversas de pessoas que falam sem pensar. No começo, ficava bem chateada com umas coisas que eu lia nas redes sociais, mas eu via que guardar para mim fazia mal. Aprendi a filtrar isso e, às vezes, nem leio (essas mensagens negativas)”.
Por outro lado, os convites não param de chegar. Em fevereiro, ela anima o tradicional Baile Municipal do Recife (PE) e tem presença garantida no ‘Sarau du Brown’ durante o carnaval de Salvador (BA), investindo em uma seara ainda nova para a carreira de uma autêntica forrozeira: o carnaval.
Independente do prêmio – a gravação de um disco por uma grande gravadora – Lucy entra em estúdio já em janeiro para concluir seu primeiro disco solo.
“Depois do programa eu vou começar uma etapa intensa, vou entrar em estúdio...” prossegue Lucy com um certo ar de mistério. “Não posso adiantar muita coisa, mas existem planos para os quatro finalistas”.
O álbum solo começou a ser gravado em João Pessoa, mas ela diz que irá concluí-lo fora, depois de rever o repertório. “Tudo mudou agora”, diz, “e além do mais, as gravadoras estão de olho”, revela.
Nessa nova etapa, Lucy deverá abrir mão de dois grupos fundamentais para sua carreira: o forrozeiro Clã Brasil, formado pelas irmãs, uma prima e os pais, e o grupo do torcedor Alceu Valença, que a levou para Europa.
“Alceu Valença me liga sempre, tá numa torcida danada. Eu devo muita coisa a ele. No grupo dele, minha carreira teve impulso. Ele virou uma espécie de pé de coelho. A fase com Alceu foi muito importante”, afirma Lucy. “O Clã não vai terminar.
Vou tentar conciliar as carreiras, a minha solo com a do Clã Brasil", garante, antes de ponderar: "As coisas aceleraram rápido demais e tudo é muito novo. Então a gente ainda não sabe como vai fazer isso (conciliar as duas carreiras)”.
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