CULTURA
Mais desastroso que noite mal dormida
Tremendo equívoco, Sex Tape – Perdido na Nuvem se vale de palavrões e bumbuns de Cameron Diaz e Jason Segel para achar graça.
Publicado em 26/08/2014 às 6:00
A vida sexual de Jay (Jason Segel) e Annie (Cameron Diaz), outrora sassaricada, foi minada pelo nascimento de dois filhos. Dez anos depois, disposto a reacender a chama que no começo da relação causava incêndio, o casal tem uma noitada pautada pelo livro ‘A Alegria do Sexo’, tequila e gravada em vídeo.
Jay, um DJ que renova seus iPads como quem troca de roupa, doando os antigos a amigos e conhecidos, usa seu mais novo tablet para fazer a gravação. Não sabia ele que o vídeo seria sincronizado com todos os seus dispositivos da Apple, incluindo os iPads que doou, dando início a uma caça aos velhos aparelhos para impedir que, da nuvem, a “fita de sexo”, como é chamada no filme, vá parar na internet.
A esta altura, é difícil de acreditar que um homem de seus 30 e poucos anos, classe média e completamente antenado com gadgets modernos não saiba que é possível deletar o arquivo da nuvem.
Comprando essa ideia absurda, Sex Tape – Perdido na Nuvem (EUA, 2014), em cartaz nos cinemas de João Pessoa desde quinta-feira, até que poderia ser um filme divertido. Afinal, a produção de Jake Kasdan (que havia dirigido Diaz em Professora Sem Classe) prometia uma daquelas comédias repletas de ação e bom-humor que funcionam tão bem em filmes como Uma Noite de Aventuras (1987), Uma Noite Fora de Série (2010) e até no subestimado O Babá(ca) (2011). Mas Sex Tape não é tão bom assim.
Para começo de história, o roteiro não decola. Não há a dinâmica que um filme assim necessita. Perde-se muito tempo em sequências enfadonhas e desnecessárias e não há, nelas, o timing que deixe o espectador aceso - com exceção, talvez, da participação do sumido Rob Lowe, que peca por ser longa demais.
O filme chega ao ponto de os protagonistas tomarem decisões completamente sem sentido, quando, por exemplo, invadem os servidores de um site pornô (??!!!) e lá encontram Jack Black, que lhes dá uma lição de moral sem pé, nem cabeça, em uma participação completamente dispensável.
Tremendo equívoco, Sex Tape – Perdido na Nuvem se vale de palavrões e bumbuns de Cameron Diaz e Jason Segel (os dois, sem química) para encontrar certa graça (em vão) em um filme cujo resultado é mais desastroso que uma noite mal dormida.
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