CULTURA
Memórias inéditas
Cineasta deixa autobiografia não concluída, abordando pontos mais polêmicos da sua trajetória profissional.
Publicado em 31/01/2012 às 6:30
Segundo Wills Leal, pesquisador e presidente da Academia Paraibana de Cinema (APC), cujo ocupante da cadeira de número um era Linduarte Noronha, o cineasta pernambucano radicado na Paraíba estava escrevendo a autobiografia há 50 anos.
"Linduarte queria algo definitivo para esclarecer as polêmicas da sua vida", coloca Wills. "Mas não me pareceu que ele queria publicar."
Apesar de ler alguns capítulos das memórias de Linduarte, Leal não teve acesso às páginas que mais interessam da trajetória do cineasta: as mágoas e problemas enfrentados nas produções e projetos.
Um caso pertinente se refere à câmera russa de 35mm Kohbac, intermediada por Noronha para o acervo da UFPB às vésperas do Golpe Militar. Taxado de comunista, ele foi afastado por 15 anos da universidade e de outros cargos.
Entre outras polêmicas como o roteiro de Aruanda ser apenas dele ou o conflito criativo do longa O Salário da Morte, está a questão do financiamento da adaptação do marco de José Américo de Almeida para a literatura regional. O roteiro de A Bagaceira de Linduarte ganhou o prêmio do Instituto Nacional do Livro nos anos 1970, mas nunca saiu do papel. Terminou o diretor Paulo Thiago realizando o mal sucedido Soledade.,
Noronha chegou a afirmar que nas suas memórias definitivamente colocaria 'os pingos nos is', mas fica em aberto se tais lembranças e respostas ganharam a impressão nas páginas físicas. (Audaci Junior)
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