CULTURA
Monólogo do desespero em Diário de um Louco
O ator Stephane Brodt descreve como foi de Nikolai Gogol a Antonin Artaud em 'Cartas de Rodez', espetáculo de hoje do FICG
Publicado em 19/08/2014 às 6:00 | Atualizado em 08/03/2024 às 17:21
A ideia inicial era montar Diário de um Louco, de Nikolai Gogol (1809-1852). Durante o processo, porém, o ator Stephane Brodt e a diretora Ana Teixeira se depararam com as cartas que o dramaturgo francês Antonin Artaud (1896-1948) enviou para o seu médico do hospital psiquiátrico de Rodez, na França, onde esteve internado por 3 anos. "Nós queríamos alimentar o trabalho do Gogol com o Artaud", explica Brodt. "Começamos a colocar suas frases na boca do personagem de Gogol até que o deixamos completamente de lado."
O resultado deste processo tortuoso que levou a Amok Teatro até o confronto entre a visão de mundo de Artaud e a de seu médico, o Dr. Gaston Ferdière, o público paraibano conhece hoje na 39ª edição do Festival de Inverno de Campina Grande (FICG). O monólogo Cartas de Rodez é destaque hoje, às 21h, no Teatro Municipal Severino Cabral (leia o box). Os ingressos custam R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia e classe artística).
Brodt está na Paraíba também para ministrar a oficina 'Do ator ao personagem' dentro da programação do FICG. A oficina, que começou ontem no palco do Teatro Municipal Severino Cabral, termina hoje à tarde. Segundo o ator, a oficina pretende compartilhar as ferramentas teatrais que ele e Teixeira usam nos sete espetáculos de repertório da companhia.
"Somos um grupo com mais de 15 anos de existência e temos uma metodologia que trabalha com a voz, o corpo e as emoções", relata o francês que tem formação europeia e conheceu a parceira brasileira na Casa das Artes de Laranjeiras, no Rio de Janeiro, onde trabalharam juntos no espetáculo de formatura da turma de 1996.
ESTREIA PREMIADA
Cartas de Rodez estreou em 1998 no Instituto Philipe Pinel, no Rio de Janeiro, uma instituição dedicada a cuidados psiquiátricos. "Naquela época, conversamos com os responsáveis pelo manicômio e eles nos cederam o auditório para a estreia", relembra Brodt. "O interessante é que as pessoas chegavam ao lugar e tinham que atravessar uma parte do manicômio e cruzar com alguns pacientes antes de chegar ao auditório. Tivemos diversos debates e chegamos a apresentar a peça também aos pacientes."
O monólogo rendeu o Prêmio Mambembe de melhor espetáculo e o Prêmio Shell de Teatro de melhor direção a Ana Teixeira. Possibilitou ainda o encontro entre a dramaturgia de Artaud e de Étienne Decroux (1898-1991), ator e mímico francês cuja técnica influenciou a dupla fundadora do Amok.
Confira a programação desta terça-feira:
Praça da Bandeira
17h - Ballet da UEPB / Ponto de Cultura – A pessoa com Deficiência (PB)/ Liu Santos (PB) (dança)
19h - Jubileu Filho (RN) (música)
Teatro Severino Cabral
21h – ‘Cartas de Rodez’, da Amok Teatro (RJ) (teatro)
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