CULTURA
Monólogo dos monólogos
Sob a direção de Roberto Cartaxo 'As mãos de Eurídice' entra turnê pelo Brejo Paraibano.
Publicado em 22/03/2014 às 6:00 | Atualizado em 11/01/2024 às 18:45
Para o ator Jucinaldo Pereira, As Mãos de Eurídice é "o monólogo dos monólogos". Primeiro espetáculo solo encenado no Brasil, a peça de Pedro Bloch (1914-2004) estreia sob a direção de Roberto Cartaxo em uma turnê pelo Brejo: a primeira apresentação será hoje, às 20h30, no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculo (antigo Peti), em Bananeiras (a 141 quilômetros de João Pessoa).
Na próxima semana, a apresentação será na vizinha Solânea. A temporada (confira no box) segue nas duas primeiras semanas de abril em Montadas e Pocinhos. Na capital, o texto fica em cartaz durante todo o mês de maio.
Jucinaldo é ator e diretor do grupo Muladhara, fundado em 2006, que montou naquele ano O Auto das Sete Luas, de Vital Santos. Segundo ele, o retorno como ator no monólogo se deu por incentivo do dramaturgo Tarcísio Pereira, que conhecia o trabalho de Bloch (cujo centenário e primeira década de morte se comemora este ano) e sugeriu que gostaria de vê-lo interpretando As Mãos de Eurídice.
"Aquilo ficou na minha cabeça um certo tempo e uma vez, passando pelo Sebo Cultural, dei de cara com o livro e convidei o Roberto Cartaxo para me dirigir. Ele disse que seria um desafio, mas topou", conta o intérprete, que revelou que o processo de encenação do monólogo foi "doloroso e solitário."
"Foi também um processo muito bonito e de uma grande responsabilidade, por se tratar de um texto imenso", reflete quem vive, no palco, o escritor Gumercindo Tavares (vivido, na primeira montagem, em maio de 1950, pelo ator Rodolfo Mayer, que estrelou a primeira versão para o cinema de Escrava Isaura, em 1929).
Gumercindo deixa a mulher para viver com Eurídice na Argentina, mas os caprichos da jovem vão dilapidando a fortuna do escritor, que depois de sete anos resolve voltar para casa e retornar para os braços da primeira esposa, encontrando uma situação completamente diferente daquela que deixou no passado.
RAZÃO E INSANIDADE
Segundo Jucinaldo, o ponto mais explorado na dramaturgia foi a dualidade razão/insanidade: "O texto é simples, mas frisamos a questão da insanidade humana para entender até que ponto uma pessoa pode ser considerada louca. Gumercindo conta a história já velho, em um manicômio, lembrando como ele encarou sua crise de consciência."
A temporada no interior é a contrapartida do projeto aprovado pelo Fundo de Incentivo à Cultura (FIC) Augusto dos Anjos, no ano passado. Além de ator e diretor, Jocinaldo é professor de teatro em Bananeiras, primeiro destino da turnê. "Eu fui convidado há quatro anos para ministrar uma oficina de teatro na cidade e eis que esta oficina já está durando mais de quatro anos", conta o professor, que fundou na Princesa do Brejo a Escola Municipal de Teatro.
A viagem rumo aos recônditos da Paraíba será um "esquenta" em uma região serrana, de clima agradável e ameno: "A gente quer sentir o calor do público, interagir com ele e estudá-lo."
Natural de Pocinhos, por onde a passagem pelo interior se encerra, em abril, Jucinaldo Pereira já está radicado em João Pessoa há 16 anos e, à frente do grupo Muladhara, além de montar O Auto das Sete Luas, em 2006, montou também o infantil O Pequenino Grão de Areia, de João Falcão, em 2011.
Confira a temporada completa
Hoje, às 20h30
Em Bananeiras (no SCFV, antigo PETI)
Entrada gratuita
29/3, às 20h30
Em Solânea (no Cine-Teatro)
Entrada gratuita
5/4, às 20h30
Em Montadas (no Salão Paroquial)
Entrada gratuita
12/4, às 20h30
Em Pocinhos (na Associação Amigos do Lar)
Entrada gratuita
Sextas, sábados e domingos de maio, às 20h
Na Usina Cultural Energisa (JP)
Entrada: R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia)
Comentários