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CULTURA

Morre Zezé Limeira

Com problemas pulmonares, morre aos 70 anos em João Pessoa a jornalista e escritora Maria José Limeira.

Publicado em 11/07/2012 às 6:00


A jornalista e escritora Maria José Limeira morreu na noite desta segunda-feira, em João Pessoa, aos 70 anos, vítima de insuficiência pulmonar.

O corpo da escritora, que estava internada no Hospital Memorial São Francisco, na capital, foi velado ontem pela manhã na Central de Velórios São João Batista, na Torre.

Segundo Nara Limeira, sobrinha da escritora, Zezé (como era conhecida pela família e nos círculos literários) sofria de problemas pulmonares há três anos e, durante o período em que estava doente, ficou famosa entre médicos e enfermeiras por dedicar-lhes poemas que escrevia no leito do hospital.

"Recebia serenatas na UTI, onde familiares se revezavam cantando suas canções preferidas, o que, sem dúvida, ajudou-a a suportar melhor a doença e sair das crises", escreveu Nara em nota.

O poeta Antônio Mariano, amigo da família, lembrou que Zezé Limeira deixou dois livros inéditos: uma coletânea de narrativas breves intitulado Contos da Escuridão e um volume de memórias.

"Estou conversando com a família para publicarmos estas obras.

Zezé Limeira foi uma grande heroína e chegou a ser comparada a Clarice Lispector pelo português Antônio Saraiva nos anos 1970, quando sua escrita teve um salto qualitativo", diz Mariano.

O poeta e crítico literário Hildeberto Barbosa Filho fez eco ao depoimento: "Zezé Limeira teve uma abordagem inovadora em torno da ficção sobretudo nas novelas que ela publicou entre os anos 1960 e 1970, com fundo psicológico", sublinhou. "Ela investiu em uma narrativa existencial e introspectiva, o que era incomum na tradição local, dominada pelo caráter telúrico".
Maria José Limeira deixou publicados livros como Aldeia Virgem Além (1965) que, segundo Hildeberto, teve repercussão na crítica literária nacional, chamando a atenção de pensadores como Temistocles Linhares e Fausto Cunha.

Nascida em João Pessoa, cursou filosofia na UFPB, mas não chegou a concluir os estudos em virtude de sua prisão, em 1964, por envolvimento com as forças da esquerda paraibana.

Jornalista atuante, ajudou a fundar o semanário 'O Momento' e lutou pelas 'Diretas Já!'. Recentemente, colaborou com contos no periódico 'Correio das Artes'.

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Jornal da Paraíba

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