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CULTURA

Movimentos à prova de balas

Máscaras do Personagem 'V' de Alan Moore se popularizam entre manifestantes; face estilizada se tornou símbolo da luta contra opressão.

Publicado em 19/06/2013 às 6:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 13:48


“Ideias são à prova de balas”, já dizia o personagem anarquista de V de Vingança, história em quadrinhos futurista escrita por Alan Moore e ilustrada por David Lloyd nos anos 1980, com um pé no clássico distópico 1984, obra escrita por George Orwell, e um manifesto contra a ‘dama de ferro’ britânica Margaret Thatcher, morta em abril deste ano.

No contexto das manifestações atuais que ocorrem em várias capitais do país como São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte e Salvador – com uma mobilização marcada para amanhã à tarde em João Pessoa (em frente ao Lyceu Paraibano) e Campina Grande (Praça da Bandeira) – as máscaras do protagonista da HQ (que se popularizaram quando a obra virou filme, em 2006) podem ser vistas através das marchas de descontentamento nacional com transportes e investimentos milionários em copas, entre outras reivindicações.

Na HQ, a luta pela liberdade através da anarquia para derrubar um regime totalitário no Reino Unido migrou para a realidade na época de lançamento da adaptação cinematográfica, com o movimento Anonymous e mais tarde em 2011 com o Ocuppy, protestando contra a desigualdade econômica e social no mundo.

A face estilizada da máscara do personagem apenas denominado como V serve de símbolo da luta contra a opressão e o descaso em diversos lugares do mundo, incluindo as manifestações recentes pelos quatro cantos do Brasil.

Alan Moore e David Lloyd basearam o molde para o disfarce de V em um personagem real da Inglaterra do Século 17: Guy Fawkes, um soldado inglês católico que teve participação na chamada ‘Gunpowder Plot’ (‘Conspiração da Pólvora’, em tradução livre).

O conluio pretendia assassinar o rei protestante Jaime 1º e todos os membros do parlamento britânico durante uma sessão em 1605. No levante católico, Fawkes era o responsável por guardar os barris de pólvora que seriam utilizados para explodir o Parlamento, mas foi capturado, torturado e executado como traidor.

Como nossa tradicional ‘Malhação do Judas’ na Semana Santa, a captura de Fawkes é lembrada no dia 5 de novembro, na ‘Bonfire Night’ (‘Noite das Fogueiras’), quando bonecos representando o mártir são malhados e queimados em fogueiras nas ruas.

“É incrível ver os personagens que você achou que tinha inventado de repente fugirem para a realidade”, chegou a dizer Alan Moore a um manifestante usando a máscara de Guy Fawkes, quando foi entrevistado em Londres a convite do Channel 4 britânico.

AUMENTO NA PROCURA
No Brasil, V de Vingança saiu em forma de minissérie em cinco partes e posteriormente encadernada pela Editora Globo no começo dos anos 1990.

Em 2006, a Panini relançou uma nova edição, que ganhou uma 2ª reimpressão no final do ano passado.

“Devido às manifestações, os leitores estão procurando V de Vingança e outros quadrinhos políticos como Che”, informa Manassés Alves, da loja especializada em João Pessoa, a Comic House. “Interessante ver o personagem transformado em ícone para essas questões sociais”.

“UM OLHO INDISPENSÁVEL”

Circulam nas redes sociais, blogs e sites trabalhos de vários quadrinistas em favor dos protestos. Nomes como Laerte, os gêmeos Fábio Moon e Gabriel Bá (Daytripper), João Montanaro (Folha de S. Paulo) e Rafael Albuquerque (Vampiro Americano) mostram suas visões em prol das manifestações e o repúdio à violência policial.

Na Paraíba, artistas também participam e compartilham artes sobre o momento histórico.

O chargista e ilustrador William Medeiros enfoca os acontecimentos na capital do país. Já o quadrinista Igor Tadeu (One Hit Wonders) homenageia o artista de rua britânico Banksy e relembra o episódio do vinagre, quando os policiais detiveram manifestantes e jornalistas durante protesto em São Paulo por porte do produto.

“É um momento importante, inacreditável, um motor gigante girando e muita gente mala querendo pegar carona”, afirma o paraibano Shiko, que está observando tudo de Florença, na Itália. “Ainda não sei no que isso vai dar, ninguém sabe. Xico Sá bem disse que somos tropicais e muito menos previsíveis”.

Apesar de não estar presente na mobilização de amanhã, em João Pessoa, o quadrinista mandou a arte ‘Não é por centavos, é por direitos’ para ser transformada em cartaz e ganhar as ruas.

“Os artistas têm a capacidade de sintetizar o que se pensa e o que se passa, e síntese não é resumo, é capacidade de clareza”, aponta Shiko. “O artista é um olho indispensável, principalmente nesse momento em que todo mundo quer entender a paisagem”. (AJ)

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Jornal da Paraíba

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